19/10/12

A Arte da Educação





«Ao ministrar à criança esta ou aquela matéria curricular deveremos, pois, estar conscientes de actuarmos, por um lado, sobre a integração da alma espiritual no corpo físico, e por outro sobre a integração da corporalidade orgânica na alma espiritual. 
Não subestimemos a importância do que acaba de ser dito, pois os amigos não poderão ser bons mestres e educadores se olharem para o que fazem ao invés de olharem para o que são. (...) Há uma diferença, para um grupo maior ou menor de alunos, se é este ou aquele professor que entra na classe para dar aulas. Essa grande diferença não resulta do facto de um professor possuir maior habilidade que outro nas técnicas pedagógicas exteriores; a principal diferença actuante no ensino decorre da atitude mental do professor em todo o tempo da sua existência, atitude que ele leva para a aula.»

Conferência de 21.08.1919, in A Arte da Educação I - O estudo geral do homem, uma base para a pedagogia

20/07/12

"The Good Sleep Guide, for you and your Baby"



CRIE UMA DIFERENÇA CLARA ENTRE A NOITE E O DIA

Mito: os bebés não percebem a diferença entre a noite e o dia.

Segundo alguns estudos universitários, uma das melhores estratégias para a promoção do bom sono dos bebés passa por ensinar os pais a terem uma atitude diferente durante o dia e a noite. Embora seja verdade que os bebés tentam repetir à noite aquilo que fazem durante o dia, podemos facilmente ensinar-lhes a diferença. 
O ambiente: crie uma diferença entre as sestas diurnas e o sono nocturno mantendo, no primeiro caso, a luz natural do dia e, no segundo, escurecendo o quarto o mais possível. Quando amamenta à noite use o menos luz possível, nunca ligando a luz de cima. Durante a noite mantenha o ambiente silencioso e tranquilo deixando à mão tudo aquilo de que pode vir a precisar. Se possível, tente que o recém-nascido não partilhe o quarto com crianças mais velhas enquanto os seus hábitos de sono não estiverem regularizados.
Não importune o seu bebé durante a noite: quando ele já estiver bem instalado na cama, tente não estar sempre a ir ver se está tudo bem. Use um intercomunicador para ouvir se ele começar a chorar e tente não ir ao quarto se não for esse o caso.
Aprenda a distinguir o choro dos outros sons: o bebé passará por períodos de sono leve em que poderá produzir alguns sons. Não acorra a todos estes sons mas apenas ao choro verdadeiro. 
Não interaja socialmente com o bebé durante a noite: quando amamenta durante a noite tenha um comportamento diferente daquele que teria se fosse dia. Esteja calma, não fale com ele nem interaja "socialmente". Mostre-lhe que durante a noite é para dormir e que dia é para brincar. Mude a fralda apenas se for necessário e faça-o em relativo silêncio. 
Introduza um pequeno tempo de espera antes de amamentar: quando se sentir capaz, preferencialmente por volta dos 3 meses, comece a introduzir um pequeno tempo de espera entre o primeiro sinal de choro pela mama e a amamentação. Se deseja manter o mínimo choro possível pode assegurar-lhe que está presente de outras maneiras, acariciando-o ou fazendo sons tranquilizadores.


18/07/12

Os cuidados com o recém-nascido (as cólicas)

Como vestir a criança? 
Como vimos anteriormente, o importante é manter o calor e alguma contenção. A criança arrefece com facilidade. O uso de materiais sintéticos não é indicado porque ou aquece em demasia ou arrefece, fazendo suar em vez de aquecer. O uso de roupas simples de algodão ou lã parece ser pois o mais apropriado para o bebé. 

Como devo alimentar o bebé? 
O bebé deve ser naturalmente amamentado pela sua mãe. O leite materno é o alimento por excelência que permite o desenvolvimento mais harmonioso. 

Quando devo dar banho? 
O banho diário, além de retirar a camada de gordura preciosa tanto para a protecção da pele como para a manutenção de uma temperatura estável, levando o bebé a arrefecer, deverá ser evitado.  Deve dar-se banho 2 ou 3 vezes por semana, conforme a altura do ano em que a criança nasceu. Deve usar-se um bom óleo (como o de calêndula, por exemplo) para manter a pele protegida.

A criança chora, o que fazer?
Se partirmos do princípio que a criança é saudável e está num desenvolvimento sadio, o choro é uma manifestação de fome ou de desconforto. O desconforto pode dever-se a ter arrefecido, por ter a fralda molhada ou cólicas. 
As cólicas estão normalmente relacionadas com a imaturidade do aparelho digestivo, que reage à alimentação materna - é importante, nestes casos, rever a alimentação da mãe, pois certos alimentos ingeridos passam naturalmente para o leite e podem provocar alterações. Por vezes a criança ingere ar, o que depende, entre outros factores, do ambiente à volta da amamentação. Resolve-se colocando a criança para arrotar, sem esquecer que cada criança tem o seu tempo. 
Também o frio (troca lenta de fraldas ou estar vestido de forma inadequada) é um factor que desencadeia cólicas. Não nos podemos esquecer que o bebé não foi feito para seguir a moda mas sim para estar confortável. 
Nestas situações a compressa de camomila está indicada, assim como o chá de funcho e de camomila, bebidos pela mãe.

O Recém -Nascido

 "Toda a educação é auto-educação. Nós, na qualidade de professores e educadores, na realidade, apenas formamos o ambiente em que a criança se educa a si mesma. "

Rudolf Steiner 


A criança é um ser em devir – ela quer ser, ainda não é. O recém-nascido vem de um espaço contido, quente, onde os sentidos estão ainda pouco despertos e, nos seus primeiros momentos, adapta-se a novos estímulos: som/silêncio, calor/frio, fome/plenitude, sono/vigília. Assim, o que era uno torna-se dual, tendo a criança que integrar e resolver a dualidade com a presença sempre atenta dos pais. 
A presença do recém-nascido pede calma, quietude e silêncio. Mesmo as crianças mais velhas aquietam-se e falam mais baixo na presença do bebé. A criança entregou-se com toda a confiança aos pais, que tentam dar-lhe o melhor, enquanto se questionam: O que é o melhor? Aquilo que não nos foi dado enquanto crianças? Ou, pelo contrário, aquilo que os nossos pais nos deram? 
Temos dúvidas enquanto educadores, procuramos alternativas, informamo-nos, compramos livros, pesquisamos na internet… no entanto, talvez a nossa melhor orientação seja a própria criança, que nos sugere o que deve ser feito. 



Todos os nossos procedimentos devem ser capazes de responder às seguintes perguntas:
Em que ponto se situa a criança agora?
Qual será o seu próximo passo de desenvolvimento? 

Desta forma, sabemos que o recém-nascido precisa da presença da mãe, que o amamenta. Necessita de paz, quietude, estímulos sensoriais de alta qualidade (o que significa NÃO a ruídos mecânicos, incluindo música em CD e outros aparelhos, devendo antes optar-se por cantar para o bebé); NÃO a situações de agressividade emocional; estabelecimento de ritmos seguros, quer na alimentação, quer no cuidado geral, dado que estes serão a fonte de segurança no futuro. 

O calor e a contenção são também elementos importantes, uma vez que a criança veio de um ambiente contido e fechado onde a temperatura ronda os 37°. Assim, é importante, durante os primeiros tempos, manter o bebé contido, enfaixando-o ou pelo menos criando um invólucro em que a criança se possa sentir segura e quente. 

Contrariamente ao que pensamos, o bebé recém-nascido não tem maturidade neurológica para se movimentar de forma voluntária. Aquilo que achamos serem sorrisos ou exteriorizações de desejos («Ele já quer ficar de pé!» ou «Está interessado em tudo o que acontece lá fora!») nada mais são do que reflexos congénitos, a maioria dos quais desencadeados quando movimentamos a cabeça do bebé. Neste sentido, a criança deve ser manuseada em bloco, protegendo sempre a cabeça, e nunca deve ser levantada pelas axilas ou outras partes do corpo, para evitarmos ao máximo o desencadeamento desses reflexos que fazem com que as taxas de adrenalina no sangue subam, provocando stress interno.


texto Dra. Manuela Tavares foto: Nirrimi

25/06/12

O Choro


"Uma das coisas que mais afecta os corações dos pais, e sobretudo das mães, é o choro do bebé, sobretudo quando se trata do primeiro filho. A criança parece estar numa enorme aflição, as lágrimas rolam pela cara, embora já se tenha tentado tudo para confortá-lo: foi alimentado, mudou-se-lhe a fralda, arrotou, etc.
«Será que ele vai ficar afectado psicologicamente se continuar a chorar?» Esta é a questão essencial de todos os pais, sobretudo a meio da noite, depois da mãe se ter levantado duas ou três vezes e já mal conseguir arrastar-se para a cama outra vez.



Para respondermos a esta questão devemos olhar primeiro para o sofrimento dos adultos. O sofrimento de um adulto pode alojar-se profundamente na alma. Perante a morte de alguém querido, ou quando um filho se prejudica de forma grave, os pais afundam-se literalmente na dor. Quando este sofrimento se prolonga pode chegar ao ponto de afectar o corpo. O rosto adquire uma expressão de mágoa e, muitas vezes, ouvimos falar de pessoas cujo corpo ficou "aniquilado pela dor". Rir e alegrar-se, celebrar ou divertir-se, parecem coisas tão impensáveis quanto impossíveis. A tristeza transforma-se numa espécie de suspensão da alma que deixa cicatrizes indeléveis, impossíveis de apagar ou cobrir. Até mesmo uma tristeza menor (que não esta dor intensa) afecta a alma do adulto: pode fazê-lo chorar, sentir-se infeliz ou miserável durante dias ou semanas. Neste estado, não há lugar para rir nem para alegrar-se.

Quando um bebé chora pode não querer ser deitado na cama, pode doer-lhe a barriga ou estar demasiado cansado. Seja qual for a razão, quando chora parece estar bastante infeliz. Assim que a mãe pega nele, são suficientes alguns segundos para que comece a sorrir, a gorgolejar e arrulhar de alegria - a aflição parece já estar longe e ele torna-se novamente um bebé simpático e sorridente. É bastante óbvio que a sua alma mal foi tocada por este choro. Não houve qualquer aprofundamento de um estado de alma. No bebé, os efeitos do choro são como falsas marcas de lápis na superfície da alma que podem ser facilmente apagadas, sem deixar qualquer vestígio. Apenas experiências graves e traumáticas atravessam esta superfície e deixam marcas. 

Um bebé saudável não fica psicologicamente afectado devido a uma duração de choro "normal". A nível físico, dá-lhe uma oportunidade para inspirar e expirar profundamente e arejar os pulmões, pelo que pode até ser benéfico. No entanto, se um bebé chora persistentemente, deverá ser procurado aconselhamento médico. 

É o bebé que fica acordado e que chora frequentemente a meio da noite que mais preocupa os pais. Uma vez que já muito foi escrito sobre este tema, não iremos discuti-lo detalhadamente aqui, mas dar apenas algumas dicas.

Para que o bebé adormeça é importante, em primeiro lugar, embrulhá-lo bem (ver imagem).
No primeiro mês de vida, é importante embrulhar o bebé deste modo antes de colocá-lo no berço. Em segundo lugar, a mãe deve estar calma. A fralda, se estiver molhada, pode ser mudada no berço, enquanto a mãe ou o pai o acariciam, sem tirá-lo da cama. Falar com ele calma e docemente costuma ajudar. É um erro comum ficar com um bebé acordado ao colo durante horas a meio da noite - se ele continua a chorar, e está de boa saúde, poderá ser deixado por alguns períodos, desde que a mãe ou pai regressem em intervalos regulares para lhe dar confiança. Deste modo, ele não se sentirá abandonado. A grande maioria dos bebés saudáveis acabarão por responder positivamente a este método, embora possa demorar de duas a três semanas. 

Durante as primeiras seis semanas de vida do bebé, às vezes mais um pouco, dependendo da criança, a melhor política durante a noite é amamentá-lo sempre que ele quiser. A maior parte dos bebés dorme, de seguida, por mais umas três ou quatro horas. Se ele se mantém acordado e enérgico, será mais fácil para a mãe se o deitar junto a si - a maior parte dos bebés adormece depressa se estiver encostado à mãe. Dos 3 meses em diante poderá encorajar-se um ritmo de amamentação mais regular, mesmo durante a noite - uma vez por noite é o mais comum e aceitável para a maioria das mães, até aos 6 meses. A partir daqui, a amamentação durante a noite deixa de ser aconselhável, e as dicas que acima indicámos poderão ser usadas novamente. Mesmo que a criança se comporte como uma coruja, a mãe precisa de descansar. É preciso que os pais possam descansar seguros de que algum de choro não vai prejudicar os filhos! 



"RIR E CHORAR FAZEM PARTE DA VIDA, AMBOS TÊM LUGAR NO ESQUEMA DAS COISAS"

 




Excerto retirado do livro The Incarnating Child de Joan Salter (Hawthorn Press, UK, 1987)

21/06/12

Chegou o Verão e com ele os cuidados com o sol


Dicas para desfrutar do sol sem receios

  1. Evite o sol intenso do meio-dia;
  2. Antes de se expor ao sol aplique um protector solar adequado;
  3. Para manter a protecção eficaz, aplique várias vezes a protecção solar, em especial depois de estar na água;
  4. Proteja os bebés e as crianças pequenas da radiação solar directa;
  5. Vista os bebés e as crianças com roupa adequada e use um creme de protecção solar com um SPF muito alto (superior a 25)

O que significa SPF?

O factor de protecção (SPF - Sun Protection Factor) indica o nível de protecção de um produto contra a radiação de UVB. Por exemplo, um creme de protecção SPF 10 alarga a protecção individual da própria pele em 10 vezes. As experiências mostram que os produtos com os factores SPF mais altos apenas aumentam a protecção à radiação UVB, pelo que não protegem a 100% da radiação UVA.
Devemos ter em conta que outros factores interferem com a protecção do creme: a sudação, a areia, a toalha. Por esta razão, devemos sempre respeitar os tempos recomendados e aplicar regularmente o creme protector. O creme SPF 30 para bebés e crianças é igualmente eficaz para adultos com peles sensíveis.


Antes de ir de férias, não se esqueça de escolher o protector solar mais indicado para o seu tipo de pele:






Existem protectores solares ecológicos e biológicos que protegem e nutrem a sua pele durante todo o Verão.

À venda em lojas especializadas
(Organii)

18/06/12

Sobre a responsabilidade do paciente

"Todas as pessoas têm o direito de assumir a responsabilidade pelas suas vidas, tanto quanto queiram, tendo para isso o direito de obter toda a informação necessária. Cada pessoa é o especialista na sua própria vida e o papel de paciente é apenas desempenhado temporariamente.

A palavra "paciente" remete para paciência e passividade. No entanto, uma vez que outros termos como cliente, consumidor ou utilizador têm outras desvantagens e não parecem aplicar-se, tem sido conservado. É importante que os prestadores de cuidados de saúde tenham sempre consciência de que uma pessoa é muito mais do que um paciente. 

O paciente responsável está completamente informado acerca da sua saúde, das opções para a melhoria desta e para o tratamento da doença, quando necessário. Ele sente que tem o poder de perguntar tudo o que precisa de saber antes de tomar uma decisão e usa os especialistas como uma fonte de informação e de apoio. Ele não tolerará uma relação terapêutica em que se sinta tratado de forma condescendente ou ignorado, mas procurará profissionais de saúde que estejam dispostos a cooperar enquanto parceiros. Ele não tenta substituir os especialistas mas usa o conhecimento deste para melhorar o seu próprio discernimento. Para dizer de uma maneira mais simples, o paciente responsável seria alguém que ouve a opinião do vendedor de automóveis mas que decidiria ele próprio que carro comprar."  

excerto do livro Medical Marriage - The New Partnership Between Orthodox and Complementary Medicine de Cornelia Featherstone e Lori Forsyth


15/06/12

O Medo do Medo

Se pensarmos que qualidade de vida é o aumento não de bens materiais mas do bem estar do espírito e da alma, não a acumulação de bens mas o desenvolvimento de faculdades e o aprofundamento das nossas vivências,não a edificação de um sistema de fortificações exteriores sempre mais impenetráveis mas uma segurança de julgamento mesmo em situações pouco habituais, não a subida na hierarquia das interdependências humanas mas a competência social e a faculdade do amor, então vemos imediatamente que absolutamente nada do que confere a uma vida humana sentido e dignidade pode ser adquirido sem a coragem do medo que está em relação estreita com a coragem de falhar. 


A criança que sente a nossa angústia rapidamente percebe que quem está a tomar conta dela não sabe o que fazer. Se tivermos a coragem do medo, ao invés de acorrermos imediatamente aos hospitais, poderemos lembrar-nos dos inúmeros recursos caseiros de que podemos fazer uso no tratamento da doença infantil: água, chás, limões, vinagre, etc. 

É importante que não nos esqueçamos que ficar sempre ao pé da criança, ajudando-a a ultrapassar o momento, a mão que se coloca sobre a testa, a história que se conta, os lençóis frescos, a alimentação caseira e simples, podem fazer maravilhas. 


O medo do medo é diferente da coragem do medo. Evitar o medo, e o confronto com ele, faz-nos estagnar





Texto retirado do livro L’enigme de la peur de Henning Köhler.

12/06/12

A FEBRE

 Algumas reflecções sobre a Febre:


A febre é um dos sintomas mais frequentes das doenças infantis. Quando a criança tem febre sabemos que algo não está bem, no entanto, como estamos habituados a combater a febre com antipiréticos, acabamos por não pensar no que estamos a fazer. Se pararmos para pensar durante alguns momentos, talvez descubramos que a febre é afinal um aliado da cura. 

A febre deve ser respeitada. A criança lança mão do processo febril para resolver e dissolver algo que é necessário deitar fora. O calor é a forma como dissolvo algo de que desejo libertar-me. Combater a febre é, por isso, dar ao organismo um sinal negativo, dizendo-lhe que ele não deve ou não pode reagir da forma correcta. 




Quando a criança tem febre é importante que seja mantida num ambiente claro, limpo e desimpedido. É importante que o pai e a mãe estejam de acordo com a forma como vão tratá-la. É também essencial não sobrecarregar o metabolismo com alimentos difíceis de digerir: a proteína em excesso deve ser evitada, optando antes por alimentos aquosos, fáceis de digerir, como frutas, líquidos, sopas leves, chás… A água é importante, bem como manter a função de limpeza: urina, evacuação, são fundamentais. (Ver dieta para Febre na secção Alimentação)

Com a febre, o organismo da criança, e especialmente o seu sistema imunológico (aquilo que é mais pessoal, que distingue o que é meu do que não é) é estimulado, movimenta-se – e isso é muito importante. 

A criança é um órgão dos sentidos completamente aberto a sensações diferenciadas e abrangentes. Não enganar os sentidos da criança é, por conseguinte, de importância vital: toda a percepção enganadora ataca os sentidos e promove uma má saúde. Manter-se saudável, em equilíbrio com o seu ambiente interno/externo, pressupõe também a possibilidade de adoecer, de experimentar essa outra polaridade onde se afirmam as possibilidades de equilíbrio, a homeostase. Para a criança, adoecer significa ser capaz de experimentar um desequilíbrio que, depois de vencido, a levará a ser mais capaz de se defender e também a criar forças para crescer interna e externamente. Por exemplo, é bastante frequente que, depois de uma doença infantil, a criança comece a andar, a falar, ou que fique madura para a aprendizagem escolar. 

Combater a doença de forma acéfala, sem pensar no que ela realmente significa, é um perigo para a maturação de um sistema imunológico competente, e põe em causa a saúde futura (alergias, doenças auto-imunes, neoplasias). Na educação de uma criança existem 3 aspectos fundamentais: a firmeza, a ternura e o bom trato. Podemos agir com firmeza também na doença, não entrando em pânico, sabendo o que fazer exactamente, fazendo os gestos necessários para repor a ordem e ajudando a criança a superar a situação. Para isso é preciso que saibamos reconhecer que a febre é boa.




11/06/12

A Criança com Febre (conselhos gerais)

 A CRIANÇA COM FEBRE



Conselhos Úteis: 

1.Vestir menos roupa do que habitualmente;

2.  Manter o ambiente fresco e bem arejado; 

3.  Se a criança está na cama deve estar levemente coberta; 

4. A criança só deve estar bem coberta no caso de calafrios;  

5. Uma dieta leve:

Nas doenças febris, o organismo lança mão de intensos processos de desintoxicação e reestruturação, especialmente a nível proteico. Há um catabolismo intenso e os produtos do catabolismo proteico são eliminados pela pele (através do suor) e pelos rins. Devemos, pois, ajudar o organismo nesse processo de desintoxicação geral e de reestruturação. Desta forma, a nossa dieta em estados febris não deve conter proteínas. O organismo, apoiado nesse sentido e não sobrecarregado por alimentação inadequada, estará apto a reestruturar a substância proteica da forma mais adequada após a doença.

Pequeno-almoço: pêra, eventualmente outras frutas, chá de menta ou camomila, torradas com mel ou doces (sem manteiga).

Refeição meio da manhã: sumo de frutas ou verduras.

Proibido: leite, queijos, ovos, farinhas lácteas. No caso de crianças muito pequenas, pode tolerar-se o uso de leite diluído com 50% de água.

Almoço: saladas diversas, sopas de verduras sem gordura, legumes cozidos, arroz cozido (macarrão ou batatas cozidas) eventualmente com ervas aromáticas e umas gotas de azeite, chás digestivos.

Lanche: sumo de frutas (eventualmente ameixa, se o intestino estiver ressecado), chás leves.

Jantar: sopa de legumes, compota de frutas, chás digestivos.

Proibido: carnes, ovos, lacticínios, leguminosas, refrigerantes, enlatados, conservas, chocolate, cereais quentes (aveia, milho), pães frescos (integral ou branco).



Não insistir com a criança para comer, só dar a quantidade que a criança pede! 


O mais importante é que a criança beba muitos líquidos: chá de tília e de sabugueiro com algumas gotas de sumo de limão e eventualmente um pouco de mel; sumo de maçã quente com mel e algumas gotas de limão; sumo de pêra, de laranja e água. À medida que a febre cede, podem gradualmente acrescentar-se os seguinte alimentos: leite acidificado (coalhada, iogurte) com ou sem frutas; papas leves (farinha de arroz, semolina e maizena apenas temporariamente). E, posteriormente, queijos brancos, leite, cereais e pães integrais, canjas leves. Carne, ovos e leguminosas, apenas quando a doença estiver totalmente superada e conforme hábitos alimentares.
  
   
       6. Banhos:

A temperatura da água deve estar dois graus abaixo da temperatura corporal, por exemplo: água a 36º se a temperatura do corpo for 38º ou água a 37º se a temperatura do corpo for de 39º. Deve juntar-se à água um cálice de vinagre de frutas ou cortar um limão (de preferência de cultura biológica) debaixo de água e espremê-lo com a face cortada voltada para baixo.


Deixar a criança entre 10 a 15 minutos no banho. É melhor medir a temperatura da água com um termómetro clínico (os termómetros de banho habituais não são rigorosos). Adapta-se uma rolha ao termómetro e deixamo-lo a boiar (atenção, acima dos 42º rebenta!).

 7. Compressas na barriga da perna:

Compressas frias só podem ser aplicadas nas barrigas das pernas depois das pernas e dos pés estarem bem aquecidos. Se os pés estão frios ou se a criança está com calafrios, jamais se deve começar com compressas frias nesse local, nem mesmo com febre alta! 

Cuidado: Compressas frias nas pernas frias e nos pés frios é não só inútil, como também perigoso! 

As compressas nas pernas não são aplicadas geladas, mas frescas (12º a 18º), eventualmente com a adição de uma colher de sopa de sumo de limão ou de vinagre de frutas. Os panos não devem ser grossos, para poder ser bem ajustados e não formar pregas. Antes de aplicados devem ser levemente espremidos. Uma camada de borracha ou similar só se justifica colocar na cama para proteger o colchão. Em nenhum caso se usa material impermeável ao redor das pernas. Um pano de lã absorve muito bem o excesso de humidade, protegendo o colchão e deixando ao mesmo tempo passar o ar. Entre o
pano de lã e a compressa húmida mostrou-se útil o uso de um pano de flanela ou turco.

Modo de fazer as compressas: Os panos de algodão ou de linho finos são molhados em água fresca e bem espremidos. Partindo do pé, enrola-se a perna até abaixo do joelho e envolve-se esse pano húmido com uma flanela ou turco firmemente aplicado. Por cima deste, um pano de lã, também firmemente colocado ou as meias de lã do pai.
Durante o tratamento o paciente deve estar levemente coberto. Em caso de febre alta, as compressas podem ser substituídas de dez em dez minutos. Os panos, neste caso, já estarão aquecidos. Depois de trocar compressas três vezes, faz-se um intervalo de meia hora.
Se, durante o tratamento, os pés ficarem frios, interrompe-se imediatamente a aplicação de compressas.

Indicação para bebés e crianças pequenas:  Para evitar um susto com a aplicação das compressas frias, pode começar-se com a primeira compressa com água a 25ºC e depois ir refrescando até 12ºC a 18ºC.  Para as crianças que recusam as compressas frias nas pernas e nos pés, pode fazer-se um escalda-pés com temperatura descendente.



8. Escalda–pés com temperatura descendente:


Atenção: Só se pode fazer este escalda-pés se as pernas e os pés estiverem bem aquecidos! 


Material: 
Banheira especial ou um balde suficientemente largo e alto 
Termómetro clínico 
Toalha de turco e meias de lã 

Modo de fazer: 
Encher o balde com água (32ºC a 36ºC, o guia da temperatura da água é o bem estar do paciente). Colocar os pés no balde (a perna também deve estar dentro da água). Junta-se lentamente água fria, conforme o bem estar do paciente, até baixar a temperatura da água cerca de 5ºC a 15ºC a partir da temperatura inicial. 

Por exemplo: Se a temperatura inicial for 35ºC pode baixar-se até 30ºC ou 20ºC. 

No caso do balde não estar colocado dentro de uma banheira é necessário escorrer água de vez em quando para evitar o transbordo. 

Duração: 10 a 15 minutos, e em seguida secar as pernas e os pés, vestir meias de lã e repousar na cama. 

Indicação: Com bebés e crianças pequenas o escalda-pés pode ser feito num lavatório ou alguidar. Se a água não chegar até aos joelhos, deita-se a água com a mão côncava sobre as pernas. Durante o banho faz-se uma ligeira massagem nas pernas e nos pés.



18/05/12

ESPELTA

TRITICUM SPELTA

Hildegard von Bingen considerava a Espelta como o melhor cereal: "É quente, gorduroso e forte, e é mais suave do que as outras espécies de cereais. Fornece a quem a come uma boa carne e um bom sangue, torna o espírito alegre e dá boa disposição seja qual forma a forma em que é consumida. É boa e agradável." Hildegard verifica e destaca na Espelta uma força curativa acima de todas as outras espécies de cereais e por isso recomenda-a também como alimento para doentes. "A Espelta é o melhor dos cereais, aquece e lubrifica, é leve e possui alto valor nutritivo. Quem comer espelta robustece os músculos. É de fácil digestão."
A Espelta, conhecida na Europa provavelmente seis mil anos AC, é uma cultura da Europa Central e do Norte. Na Idade Média era considerada como o mais precioso dos cereais. Há quinhentos anos, o valor de 50Kg de Espelta era equivalente ao de 75 galinhas. Graças ao seu sabor agradável, a Espelta manteve-se o cereal preferido em certas regiões de Europa. 

Actualmente, a Espelta foi redescoberta pela agricultura biológica. Depois de analisada e comparada com as outras espécies de cereais, constatou-se que contém preciosas proteínas (aminoácidos essenciais), gorduras, hidratos de carbono, vitaminas, minerais, oligoelementos e outras substâncias. A Espelta garante ao organismo uma provisão constante  de energia. Na digestão, os hidratos de carbono são lentamente transformados em dióxido de carbono e água, os quais são eliminados do organismo sem deixar resíduos. Pelo contrário, a carne, no fim do seu ciclo digestivo, produz resíduos não inofensivos, como a ureia e o ácido úrico.

08/05/12

O Uso de Chás na Medicina Caseira


CHÁS: toma-se várias chávenas por dia, preferencialmente longe das refeições, a não ser que o uso do chá seja exactamente para estimular funções digestivas. 

COMPRESSAS: Embebem-se panos com o chá e colocam-se na região afectada. Os chás quentes aliviam inflamações e facilitam a resolução dessas dores. Nesses casos deve usar plantas com propriedades anti-inflamatórias. Por exemplo:
  • Camomila: inflamações dos olhos, da pele e cólicas abdominais.
  • Erva-doce: inflamações dos olhos.
  • Cavalinha: distúrbios renais 

BANHOS: acrescidas à água da banheira, muitas plantas podem ser usadas para banhos de imersão. A água deve estar morna, e o banho deve durar uns 20 minutos. O banho pode ser repetido até três vezes por semana durante um mês. Após esse período, convém mudar a erva usada. Por exemplo: 
  • Melissa (assento): distúrbios genitais femininos. 
  • Camomila: agitação dos bebés. 

GARGAREJOS: os gargarejos são recomendados para actuar apenas na cavidade bucal ou na garganta. Chás como a Salvia ou a Camomila são o ideal. Pode-se colocar sal de cozinha depois de coado. O sal desinflama e é anti-séptico. 

INALAÇÕES: em muitos casos queremos atingir especificamente as vias respiratórias (gripes, sinusites, constipações). Nesse caso ferva o chá e coloque um funil de papelão invertido sobre a panela. Respire o vapor que sai. Quando o chá arrefecer, aqueça novamente. Os chás podem ser colocados também no vaporizador. Coe muito bem e acrescente sal ou bicabornato seguindo as especificações do seu aparelho. O chá de sálvia é ideal em casos de congestões nasais, gripes, sinusites. 

LAVAGENS: os chás podem ser usados também para lavagens intestinais e vaginais. Usam-se lavagens intestinais quando há obstipação ou quando queremos limpar o intestino de impurezas. Neste caso usamos camomila. As lavagens vaginais (com salvia ou camomila) são úteis em caso de corrimentos. 





Cuidados gerais 

Adoçantes 
Os chás não precisam de ser adoçados - nunca adicione açúcar. Em alguns casos pode ser adoçado com um pouco de mel, quando queremos aproveitar também as propriedades medicinais do mel. Adoce depois de coado, nunca antes. Se quiser adoçar com Stevia, então prepare-a junto com as outras ervas. 

Luz e humidade 
Para melhor conservação dos seus chás recomendamos guardá-los ai abrigo da luz e da humidade. 

Prazo de validade 
Nunca use um chá mais de 24 horas depois de preparado pois entra em processo de fermentação. Prepare no máximo a quantidade suficiente para um dia. 

Tempo de uso 
Não deve usar o mesmo chá por tempo prolongado pois o organismo responderá cada vez menos. Use por períodos curtos e depois alterne com outro tipo de chá. O período ideal de uso de um chá é de 10 em 10 dias. Se precisar de tomar o mesmo chá por alguns meses (como é o caso de um chá diurético) informe-se sobre ervas que tenham propriedades semelhantes e varie. 

Utensílios 
Evite usar utensílios de metal. Embora não o notemos, eles soltam moléculas na água que podem reagir com os princípios activos da erva, desactivando-os. Pela mesma razão não deixe um talher dentro de água quando esta está a ferver. O ideal é usar uma panela de barro, louça ou esmalte.

Para a preparação do seu chá recomendamos duas formas: a infusão e a decocção


Infusão: processo de preparação do chá no qual a água fervente é despejada por sobre as plantas e depois é abafado. Este processo é usado para ervas aromáticas e outras plantas ou partes de plantas com tecido frágil, como flores e folhas. No caso das ervas aromáticas, se fervermos a água com as ervas dentro, o aroma evaporará perdendo o sabor e poder mecicinal. 

Decocção: processo de preparação no qual a planta permanece em água, em fervura, por um determinado tempo. Usado preferencialmente para raízes, cascas, sementes e partes de plantas com tecido mais resistente. 

Nota: o tempo de infusão ou de decocção varia conforme a natureza de cada erva.

16/04/12

Receita para Erradicação de Piolhos




 Tintura de Crisântemo

  • Álcool 40º, 46º ou 50º (não diluído)
  • Encher com folhas de Crisântemo – cobrir com álcool
  • Agitar 10 dias no mínimo
  • Deixar em repouso durante 21 dias, coar e posteriormente 50/50 colocar noutro com água destilada

Uso externo:
  • Deixar actuar durante 10 minutos e lavar de seguida;
  • Repetir durante três dias;
  • Voltar a repetir ao fim de uma semana;