Se pensarmos que qualidade de vida é o aumento não de bens materiais mas do bem estar do espírito e da alma, não a acumulação de bens mas o desenvolvimento de faculdades e o aprofundamento das nossas vivências,não a edificação de um sistema de fortificações exteriores sempre mais impenetráveis mas uma segurança de julgamento mesmo em situações pouco habituais, não a subida na hierarquia das interdependências humanas mas a competência social e a faculdade do amor, então vemos imediatamente que absolutamente nada do que confere a uma vida humana sentido e dignidade pode ser adquirido sem a coragem do medo que está em relação estreita com a coragem de falhar.
A criança que sente a nossa angústia rapidamente percebe que quem está a tomar conta dela não sabe o que fazer. Se tivermos a coragem do medo, ao invés de acorrermos imediatamente aos hospitais, poderemos lembrar-nos dos inúmeros recursos caseiros de que podemos fazer uso no tratamento da doença infantil: água, chás, limões, vinagre, etc.
É importante que não nos esqueçamos que ficar sempre ao pé da criança, ajudando-a a ultrapassar o momento, a mão que se coloca sobre a testa, a história que se conta, os lençóis frescos, a alimentação caseira e simples, podem fazer maravilhas.
O medo do medo é diferente da coragem do medo. Evitar o medo, e o confronto com ele, faz-nos estagnar
Texto retirado do livro L’enigme de la peur
de Henning Köhler.