Coronavírus
Para os veterinários, os vírus corona
fazem parte da vida profissional diária, mas agora o coronavírus SARC-CoV 2
ultrapassou a barreira para os humanos. O que é um vírus, como ataca o
organismo humano e como podemos responder? 12 de Março de 2020
Os
vírus estão intimamente ligados ao elemento físico do organismo. Eles originam-se
da mesma substância do genoma e, como o genoma, podem influenciar o metabolismo
das células, tornando-as estranhas ao organismo. Se ocorre uma infecção, o
vírus penetra o organismo. O organismo reconhece que certas células foram
alteradas pelo vírus, comportando-se como se não fizessem parte do todo. Inicia-se
então um processo de eliminação destas células. É isto que cria os sintomas da
doença: o organismo tenta livrar-se das células infectadas para se libertar dos
vírus que as invadiram, e para isso lança mão, por exemplo, da tosse, febre e expectoração.
Os que morrem duma infecção viral podem, portanto, ser vistos como vítimas do seu
sistema imune, cuja regulação é uma expressão da organização do EU, individual,
da presença do EU no corpo.
O corpo torna-se “um estranho”
Quanto
mais a pessoa se encontra numa situação de alienação do seu corpo físico tanto
mais ela, ou ele, serão susceptíveis a esta doença viral, agora chamada
COVID-19. É claro que isso é especialmente verdadeiro para os mais idosos,
quando os ossos enfraquecem e a massa muscular diminui, ou no caso de doenças
crónicas.
A
infecção por coronavírus é particularmente difícil de tratar em pessoas com
mais de 80 anos de idade e em pessoas com diabetes tipo II ou doenças
cardiovasculares. Quanto menos eu estiver presente no meu corpo – quanto menos o
permeio - mais facilmente a infecção se poderá espalhar e mais sérias as suas consequências.
Obviamente, é importante a forma como a pessoa que tem um teste positivo é
tratada. As pessoas doentes são muitas vezes removidas abruptamente do seu
ambiente doméstico e colocadas em hospitais, junto com outras pessoas doentes e
com acomodação inadequada. Infelizmente, a medicina convencional não possui
medicamentos úteis, nem vacina, para oferecer neste caso. Muitas vezes, a febre
é reduzida usando medicamentos. No entanto, em casos graves, o uso de oxigénio
e, se necessário, a ventilação mecânica temporária podem ajudar a sobreviver, e
é por isso que é importante que os cuidados médicos se concentrem em pacientes
mais gravemente atingidos.
Com
base no que conhecemos, a ansiedade e os tratamentos com antipiréticos colocam
os pacientes em risco. O que ajuda as pessoas a ultrapassar a doença é tudo o
que as ajuda a penetrarem melhor o seu corpo físico, como o calor, sentindo-se
mais à vontade nele. Portanto, não é de surpreender que a doença seja rara nas
crianças. O que também é verdade até aos 50 anos, onde o curso da doença
geralmente corresponde ao da gripe normal. Tosse, rinite e fadiga são os
primeiros sintomas típicos. Além disso, a pneumonia pode ser um aspecto
perigoso da doença, que é inicialmente reconhecível principalmente por uma
frequência respiratória mais alta.
Este
vírus tem características particularmente negativas do ponto de vista médico.
Pode levar muito tempo até o organismo acordar e perceber que há um hóspede estrangeiro
a bordo, ameaçando causar danos. Existe um caso conhecido de doença em que ela
só se manifestou 27 dias após a infecção. No entanto, em média, esse período é
de 5 dias e 95% de todos os casos manifestam-se após 12,5 dias. Portanto, os
afectados ficam em quarentena por um longo período de duas semanas. Este vírus
também é mais contagioso do que um vírus normal da gripe. Em média, uma pessoa
com o vírus da gripe normal infecta 1,3 pessoas, enquanto alguém com o
coronavírus tem mais probabilidade de infectar 3 pessoas (para uma doença
altamente infecciosa, como sarampo ou tosse convulsa, o número é de 12 a 18). A
taxa de infecção é, portanto, maior que a da gripe e também leva mais tempo
para se manifestar. A combinação dessas características, que favorecem a
disseminação de uma epidemia, deixa os médicos em todo o mundo apreensivos.
Relação com o reino animal
No
entanto, surge um grande quebra-cabeças: de onde vêm estes vírus aparentemente
novos e porque se desenvolveram? Curiosamente, muitos dos vírus vêm do reino
animal. O coronavírus provavelmente provém do morcego javanês. Então, porque é
que os vírus do reino animal se tornam perigosos para os seres humanos? No
momento, estamos infligindo sofrimento incalculável em animais: o abate em
massa e a experimentação em animais de laboratório causam uma dor que e o reino
animal já não pode suportar. Pode este sofrimento ter como consequência a
alteração de vírus que são nativos do animal? Estamos acostumados a olhar
apenas para o aspecto físico e separamo-lo da mente e das emoções. A pesquisa
sobre a flora intestinal, o microbioma, que inclui não apenas bactérias, mas
também vírus, prova o oposto. Isso levanta não apenas a questão microbiológica
da origem do vírus, mas também a questão moral de como lidar com o mundo animal.
Rudolf Steiner apontou estas conexões há mais de 100 anos. Nos dias de hoje,
cabe-nos investigar essas relações e fazer perguntas mais profundas, para além
da análise científica.
O que podemos fazer?
Existem
várias medidas que podemos tomar nas nossas vidas pessoais para ajudar o nosso
organismo a superar a doença. Isso inclui abster-se de álcool, tabaco, moderar
o consumo de açúcar e manter ritmos de vida, com sono reparador e uma relação activa
com o sol. O nosso sistema imunológico sofre com a falta de luz solar, uma deficiência
mais grave no mês de Março. Analisando ao longo do ano, a maior taxa de
mortalidade, nas nossas latitudes, verifica-se no final de Março. O que está
relacionado com a falta de luz solar durante os meses de Inverno e nos lembra
que é extremamente importante sair para o ar livre todos os dias e no Inverno,
se possível, ao meio-dia, conectar-se com o ambiente exterior e o cosmos. Ao
fundar a Medicina Antroposófica, mesmo antes da descoberta da vitamina D. Rudolf
Steiner usou a tuberculose como exemplo para explicar esse detalhe. É verdade
que, para o sistema imunológico, os comprimidos de vitamina D apenas podem
substituir a absorção da luz solar de forma limitada. O fósforo e o ferro
meteórico dinamizados, ingeridos pela manhã, podem também apoiar o sistema
imunológico, como substâncias ligadas ao elemento luminoso. Também são
recomendados, para os mais idosos, com doenças cardiovasculares, remédios
básicos antroposóficos para o sistema cardiovascular, caminhadas regulares e
sono reparador. Os que dormem menos de seis horas são muito mais susceptíveis a
estas infecções.
Uma respiração saudável entre os seres
humanos
Se
a doença ocorre, a quarentena é actualmente recomendada, embora os casos leves
possam, e devam, ser tratados em casa. Parece-me importante salientar que a
Medicina Antroposófica tem décadas de experiência no tratamento de pneumonias
virais e bacteriana sem antibióticos, com medicamentos antroposóficos e
aplicações externas que podem ser extremamente eficazes. Os médicos da Secção
Médica elaboraram um plano de tratamento e disponibilizam-no aos colegas, a
nível internacional.
O
que enfraquece os pulmões? Duas coisas: falta de relação com a terra e o sol e
tensões sociais. Portanto, é aconselhável proteger os pulmões, o órgão da
respiração, quer por dentro quer por fora, tentando equilibrar as tensões
sociais. Na minha opinião, aqueles que estão em conflitos sociais não
resolvidos estão cada vez mais em risco. A medicina promoveu a crença de que as
vacinas podem proteger contra todas as infecções. É um erro. Até a vacinação
contra a gripe oferece apenas uma taxa de protecção de 10 a 30%; lavagem
cuidadosa das mãos e higiene ao assoar o nariz e ao tossir são igualmente
eficazes - sem os possíveis efeitos colaterais da vacinação. Portanto, é um
passo importante para romper esta imagem temerosa e defensiva do meio ambiente
e do nosso próprio corpo, perguntarmos o que podemos fazer para apoiar a nossa
vitalidade e integridade.
Georg Soldner (elemento da secção médica
do Goetheanum, Suíça)
(Adaptado a partir do texto
publicado originalmente na revista “Das Goetheanum”, 13 de Março, 2020)