"Como pode o meu trabalho servir aos outros?"
Em conformidade com as notícias que a imprensa nos tem proporcionado, começamos 2013 com a leitura de um pequeno livro de Rudolf Steiner dedicado à questão social. Nele Steiner considera que a ciência espiritual não é algo que nos deva afastar da vida prática mas sim ensinar-nos a melhor vivenciá-la. Ao contrário do erro cometido pelo engenheiro na construção de uma ponte, a que facilmente chamamos de incompetência, no campo social as coisas não são enunciáveis desta forma. À partida, o sofrimento humano (que, entre vários aspectos, decorre também de um certo sistema sócio-económico) não pode ser visto como resultado de uma mera incompetência mas sim de um pensamento "que não foi educado para a vida". Daqui que, quanto mais aprofundado for o conhecimento da ciência espiritual, melhor poderá ser a actuação social.
"De nada nos adianta perceber que as condições são responsáveis pela má condição de vida das pessoas; devemos, isto sim, conhecer as forças através das quais se podem criar condições favoráveis" afirma Steiner, sugerindo mais à frente que "a ciência espiritual deve descer do seu isolamento frio até aos homens, até ao povo; deve colocar franca e seriamente a exigência ética da fraternidade universal à frente do seu programa" sem esquecer que, embora o meio social condicione amplamente o Homem, é também o Homem que cria o meio social - ponto essencial desta reflexão. É assim de se evitar crer que o sofrimento que uma classe provoca à outra seja propositado: "as condições em que vivemos são criadas pelos nossos semelhantes; e nunca seremos capazes de criar melhores se não partirmos de pensamentos, atitudes e sentimentos diferentes". Ora, o que Steiner propõe que pensemos é na nossa própria vida, dado que também nós, em certos momentos, podemos ser os "exploradores" e não os "oprimidos", isto é, é também graças a nós que, por exemplo, certo fabricante de roupa é explorado (pense-se no calçado feito por crianças, nas grandes marcas que se mandam produzir nos países "de terceiro mundo" por mão de obra barata, etc.).
É também importante distinguir os termos "rico" e "explorador", dado que não são (necessariamente) sinónimos. Enquanto a riqueza é o resultado de certo trabalho ou, por exemplo, de uma herança, a exploração está associada à ideia de "proveito próprio". Se pensarmos no exemplo da roupa, o que Steiner nos diz é que "as condições actuais fazem parecer muito natural que eu procure pagar o mínimo possível ao adquirir uma determinada roupa. Isto significa que tenho em vista apenas a minha pessoa. Aqui está indicado o ponto de vista que rege toda a nossa vida". Ora, pese embora tudo o que tenha que ver com alterações ao código do trabalho, no sentido de proteger os trabalhadores, a verdade é que enquanto o princípio que nos mover for o do nosso próprio proveito, o problema da exploração não estará resolvido.
É também importante distinguir os termos "rico" e "explorador", dado que não são (necessariamente) sinónimos. Enquanto a riqueza é o resultado de certo trabalho ou, por exemplo, de uma herança, a exploração está associada à ideia de "proveito próprio". Se pensarmos no exemplo da roupa, o que Steiner nos diz é que "as condições actuais fazem parecer muito natural que eu procure pagar o mínimo possível ao adquirir uma determinada roupa. Isto significa que tenho em vista apenas a minha pessoa. Aqui está indicado o ponto de vista que rege toda a nossa vida". Ora, pese embora tudo o que tenha que ver com alterações ao código do trabalho, no sentido de proteger os trabalhadores, a verdade é que enquanto o princípio que nos mover for o do nosso próprio proveito, o problema da exploração não estará resolvido.