25/06/12

O Choro


"Uma das coisas que mais afecta os corações dos pais, e sobretudo das mães, é o choro do bebé, sobretudo quando se trata do primeiro filho. A criança parece estar numa enorme aflição, as lágrimas rolam pela cara, embora já se tenha tentado tudo para confortá-lo: foi alimentado, mudou-se-lhe a fralda, arrotou, etc.
«Será que ele vai ficar afectado psicologicamente se continuar a chorar?» Esta é a questão essencial de todos os pais, sobretudo a meio da noite, depois da mãe se ter levantado duas ou três vezes e já mal conseguir arrastar-se para a cama outra vez.



Para respondermos a esta questão devemos olhar primeiro para o sofrimento dos adultos. O sofrimento de um adulto pode alojar-se profundamente na alma. Perante a morte de alguém querido, ou quando um filho se prejudica de forma grave, os pais afundam-se literalmente na dor. Quando este sofrimento se prolonga pode chegar ao ponto de afectar o corpo. O rosto adquire uma expressão de mágoa e, muitas vezes, ouvimos falar de pessoas cujo corpo ficou "aniquilado pela dor". Rir e alegrar-se, celebrar ou divertir-se, parecem coisas tão impensáveis quanto impossíveis. A tristeza transforma-se numa espécie de suspensão da alma que deixa cicatrizes indeléveis, impossíveis de apagar ou cobrir. Até mesmo uma tristeza menor (que não esta dor intensa) afecta a alma do adulto: pode fazê-lo chorar, sentir-se infeliz ou miserável durante dias ou semanas. Neste estado, não há lugar para rir nem para alegrar-se.

Quando um bebé chora pode não querer ser deitado na cama, pode doer-lhe a barriga ou estar demasiado cansado. Seja qual for a razão, quando chora parece estar bastante infeliz. Assim que a mãe pega nele, são suficientes alguns segundos para que comece a sorrir, a gorgolejar e arrulhar de alegria - a aflição parece já estar longe e ele torna-se novamente um bebé simpático e sorridente. É bastante óbvio que a sua alma mal foi tocada por este choro. Não houve qualquer aprofundamento de um estado de alma. No bebé, os efeitos do choro são como falsas marcas de lápis na superfície da alma que podem ser facilmente apagadas, sem deixar qualquer vestígio. Apenas experiências graves e traumáticas atravessam esta superfície e deixam marcas. 

Um bebé saudável não fica psicologicamente afectado devido a uma duração de choro "normal". A nível físico, dá-lhe uma oportunidade para inspirar e expirar profundamente e arejar os pulmões, pelo que pode até ser benéfico. No entanto, se um bebé chora persistentemente, deverá ser procurado aconselhamento médico. 

É o bebé que fica acordado e que chora frequentemente a meio da noite que mais preocupa os pais. Uma vez que já muito foi escrito sobre este tema, não iremos discuti-lo detalhadamente aqui, mas dar apenas algumas dicas.

Para que o bebé adormeça é importante, em primeiro lugar, embrulhá-lo bem (ver imagem).
No primeiro mês de vida, é importante embrulhar o bebé deste modo antes de colocá-lo no berço. Em segundo lugar, a mãe deve estar calma. A fralda, se estiver molhada, pode ser mudada no berço, enquanto a mãe ou o pai o acariciam, sem tirá-lo da cama. Falar com ele calma e docemente costuma ajudar. É um erro comum ficar com um bebé acordado ao colo durante horas a meio da noite - se ele continua a chorar, e está de boa saúde, poderá ser deixado por alguns períodos, desde que a mãe ou pai regressem em intervalos regulares para lhe dar confiança. Deste modo, ele não se sentirá abandonado. A grande maioria dos bebés saudáveis acabarão por responder positivamente a este método, embora possa demorar de duas a três semanas. 

Durante as primeiras seis semanas de vida do bebé, às vezes mais um pouco, dependendo da criança, a melhor política durante a noite é amamentá-lo sempre que ele quiser. A maior parte dos bebés dorme, de seguida, por mais umas três ou quatro horas. Se ele se mantém acordado e enérgico, será mais fácil para a mãe se o deitar junto a si - a maior parte dos bebés adormece depressa se estiver encostado à mãe. Dos 3 meses em diante poderá encorajar-se um ritmo de amamentação mais regular, mesmo durante a noite - uma vez por noite é o mais comum e aceitável para a maioria das mães, até aos 6 meses. A partir daqui, a amamentação durante a noite deixa de ser aconselhável, e as dicas que acima indicámos poderão ser usadas novamente. Mesmo que a criança se comporte como uma coruja, a mãe precisa de descansar. É preciso que os pais possam descansar seguros de que algum de choro não vai prejudicar os filhos! 



"RIR E CHORAR FAZEM PARTE DA VIDA, AMBOS TÊM LUGAR NO ESQUEMA DAS COISAS"

 




Excerto retirado do livro The Incarnating Child de Joan Salter (Hawthorn Press, UK, 1987)

21/06/12

Chegou o Verão e com ele os cuidados com o sol


Dicas para desfrutar do sol sem receios

  1. Evite o sol intenso do meio-dia;
  2. Antes de se expor ao sol aplique um protector solar adequado;
  3. Para manter a protecção eficaz, aplique várias vezes a protecção solar, em especial depois de estar na água;
  4. Proteja os bebés e as crianças pequenas da radiação solar directa;
  5. Vista os bebés e as crianças com roupa adequada e use um creme de protecção solar com um SPF muito alto (superior a 25)

O que significa SPF?

O factor de protecção (SPF - Sun Protection Factor) indica o nível de protecção de um produto contra a radiação de UVB. Por exemplo, um creme de protecção SPF 10 alarga a protecção individual da própria pele em 10 vezes. As experiências mostram que os produtos com os factores SPF mais altos apenas aumentam a protecção à radiação UVB, pelo que não protegem a 100% da radiação UVA.
Devemos ter em conta que outros factores interferem com a protecção do creme: a sudação, a areia, a toalha. Por esta razão, devemos sempre respeitar os tempos recomendados e aplicar regularmente o creme protector. O creme SPF 30 para bebés e crianças é igualmente eficaz para adultos com peles sensíveis.


Antes de ir de férias, não se esqueça de escolher o protector solar mais indicado para o seu tipo de pele:






Existem protectores solares ecológicos e biológicos que protegem e nutrem a sua pele durante todo o Verão.

À venda em lojas especializadas
(Organii)

18/06/12

Sobre a responsabilidade do paciente

"Todas as pessoas têm o direito de assumir a responsabilidade pelas suas vidas, tanto quanto queiram, tendo para isso o direito de obter toda a informação necessária. Cada pessoa é o especialista na sua própria vida e o papel de paciente é apenas desempenhado temporariamente.

A palavra "paciente" remete para paciência e passividade. No entanto, uma vez que outros termos como cliente, consumidor ou utilizador têm outras desvantagens e não parecem aplicar-se, tem sido conservado. É importante que os prestadores de cuidados de saúde tenham sempre consciência de que uma pessoa é muito mais do que um paciente. 

O paciente responsável está completamente informado acerca da sua saúde, das opções para a melhoria desta e para o tratamento da doença, quando necessário. Ele sente que tem o poder de perguntar tudo o que precisa de saber antes de tomar uma decisão e usa os especialistas como uma fonte de informação e de apoio. Ele não tolerará uma relação terapêutica em que se sinta tratado de forma condescendente ou ignorado, mas procurará profissionais de saúde que estejam dispostos a cooperar enquanto parceiros. Ele não tenta substituir os especialistas mas usa o conhecimento deste para melhorar o seu próprio discernimento. Para dizer de uma maneira mais simples, o paciente responsável seria alguém que ouve a opinião do vendedor de automóveis mas que decidiria ele próprio que carro comprar."  

excerto do livro Medical Marriage - The New Partnership Between Orthodox and Complementary Medicine de Cornelia Featherstone e Lori Forsyth


15/06/12

O Medo do Medo

Se pensarmos que qualidade de vida é o aumento não de bens materiais mas do bem estar do espírito e da alma, não a acumulação de bens mas o desenvolvimento de faculdades e o aprofundamento das nossas vivências,não a edificação de um sistema de fortificações exteriores sempre mais impenetráveis mas uma segurança de julgamento mesmo em situações pouco habituais, não a subida na hierarquia das interdependências humanas mas a competência social e a faculdade do amor, então vemos imediatamente que absolutamente nada do que confere a uma vida humana sentido e dignidade pode ser adquirido sem a coragem do medo que está em relação estreita com a coragem de falhar. 


A criança que sente a nossa angústia rapidamente percebe que quem está a tomar conta dela não sabe o que fazer. Se tivermos a coragem do medo, ao invés de acorrermos imediatamente aos hospitais, poderemos lembrar-nos dos inúmeros recursos caseiros de que podemos fazer uso no tratamento da doença infantil: água, chás, limões, vinagre, etc. 

É importante que não nos esqueçamos que ficar sempre ao pé da criança, ajudando-a a ultrapassar o momento, a mão que se coloca sobre a testa, a história que se conta, os lençóis frescos, a alimentação caseira e simples, podem fazer maravilhas. 


O medo do medo é diferente da coragem do medo. Evitar o medo, e o confronto com ele, faz-nos estagnar





Texto retirado do livro L’enigme de la peur de Henning Köhler.

12/06/12

A FEBRE

 Algumas reflecções sobre a Febre:


A febre é um dos sintomas mais frequentes das doenças infantis. Quando a criança tem febre sabemos que algo não está bem, no entanto, como estamos habituados a combater a febre com antipiréticos, acabamos por não pensar no que estamos a fazer. Se pararmos para pensar durante alguns momentos, talvez descubramos que a febre é afinal um aliado da cura. 

A febre deve ser respeitada. A criança lança mão do processo febril para resolver e dissolver algo que é necessário deitar fora. O calor é a forma como dissolvo algo de que desejo libertar-me. Combater a febre é, por isso, dar ao organismo um sinal negativo, dizendo-lhe que ele não deve ou não pode reagir da forma correcta. 




Quando a criança tem febre é importante que seja mantida num ambiente claro, limpo e desimpedido. É importante que o pai e a mãe estejam de acordo com a forma como vão tratá-la. É também essencial não sobrecarregar o metabolismo com alimentos difíceis de digerir: a proteína em excesso deve ser evitada, optando antes por alimentos aquosos, fáceis de digerir, como frutas, líquidos, sopas leves, chás… A água é importante, bem como manter a função de limpeza: urina, evacuação, são fundamentais. (Ver dieta para Febre na secção Alimentação)

Com a febre, o organismo da criança, e especialmente o seu sistema imunológico (aquilo que é mais pessoal, que distingue o que é meu do que não é) é estimulado, movimenta-se – e isso é muito importante. 

A criança é um órgão dos sentidos completamente aberto a sensações diferenciadas e abrangentes. Não enganar os sentidos da criança é, por conseguinte, de importância vital: toda a percepção enganadora ataca os sentidos e promove uma má saúde. Manter-se saudável, em equilíbrio com o seu ambiente interno/externo, pressupõe também a possibilidade de adoecer, de experimentar essa outra polaridade onde se afirmam as possibilidades de equilíbrio, a homeostase. Para a criança, adoecer significa ser capaz de experimentar um desequilíbrio que, depois de vencido, a levará a ser mais capaz de se defender e também a criar forças para crescer interna e externamente. Por exemplo, é bastante frequente que, depois de uma doença infantil, a criança comece a andar, a falar, ou que fique madura para a aprendizagem escolar. 

Combater a doença de forma acéfala, sem pensar no que ela realmente significa, é um perigo para a maturação de um sistema imunológico competente, e põe em causa a saúde futura (alergias, doenças auto-imunes, neoplasias). Na educação de uma criança existem 3 aspectos fundamentais: a firmeza, a ternura e o bom trato. Podemos agir com firmeza também na doença, não entrando em pânico, sabendo o que fazer exactamente, fazendo os gestos necessários para repor a ordem e ajudando a criança a superar a situação. Para isso é preciso que saibamos reconhecer que a febre é boa.




11/06/12

A Criança com Febre (conselhos gerais)

 A CRIANÇA COM FEBRE



Conselhos Úteis: 

1.Vestir menos roupa do que habitualmente;

2.  Manter o ambiente fresco e bem arejado; 

3.  Se a criança está na cama deve estar levemente coberta; 

4. A criança só deve estar bem coberta no caso de calafrios;  

5. Uma dieta leve:

Nas doenças febris, o organismo lança mão de intensos processos de desintoxicação e reestruturação, especialmente a nível proteico. Há um catabolismo intenso e os produtos do catabolismo proteico são eliminados pela pele (através do suor) e pelos rins. Devemos, pois, ajudar o organismo nesse processo de desintoxicação geral e de reestruturação. Desta forma, a nossa dieta em estados febris não deve conter proteínas. O organismo, apoiado nesse sentido e não sobrecarregado por alimentação inadequada, estará apto a reestruturar a substância proteica da forma mais adequada após a doença.

Pequeno-almoço: pêra, eventualmente outras frutas, chá de menta ou camomila, torradas com mel ou doces (sem manteiga).

Refeição meio da manhã: sumo de frutas ou verduras.

Proibido: leite, queijos, ovos, farinhas lácteas. No caso de crianças muito pequenas, pode tolerar-se o uso de leite diluído com 50% de água.

Almoço: saladas diversas, sopas de verduras sem gordura, legumes cozidos, arroz cozido (macarrão ou batatas cozidas) eventualmente com ervas aromáticas e umas gotas de azeite, chás digestivos.

Lanche: sumo de frutas (eventualmente ameixa, se o intestino estiver ressecado), chás leves.

Jantar: sopa de legumes, compota de frutas, chás digestivos.

Proibido: carnes, ovos, lacticínios, leguminosas, refrigerantes, enlatados, conservas, chocolate, cereais quentes (aveia, milho), pães frescos (integral ou branco).



Não insistir com a criança para comer, só dar a quantidade que a criança pede! 


O mais importante é que a criança beba muitos líquidos: chá de tília e de sabugueiro com algumas gotas de sumo de limão e eventualmente um pouco de mel; sumo de maçã quente com mel e algumas gotas de limão; sumo de pêra, de laranja e água. À medida que a febre cede, podem gradualmente acrescentar-se os seguinte alimentos: leite acidificado (coalhada, iogurte) com ou sem frutas; papas leves (farinha de arroz, semolina e maizena apenas temporariamente). E, posteriormente, queijos brancos, leite, cereais e pães integrais, canjas leves. Carne, ovos e leguminosas, apenas quando a doença estiver totalmente superada e conforme hábitos alimentares.
  
   
       6. Banhos:

A temperatura da água deve estar dois graus abaixo da temperatura corporal, por exemplo: água a 36º se a temperatura do corpo for 38º ou água a 37º se a temperatura do corpo for de 39º. Deve juntar-se à água um cálice de vinagre de frutas ou cortar um limão (de preferência de cultura biológica) debaixo de água e espremê-lo com a face cortada voltada para baixo.


Deixar a criança entre 10 a 15 minutos no banho. É melhor medir a temperatura da água com um termómetro clínico (os termómetros de banho habituais não são rigorosos). Adapta-se uma rolha ao termómetro e deixamo-lo a boiar (atenção, acima dos 42º rebenta!).

 7. Compressas na barriga da perna:

Compressas frias só podem ser aplicadas nas barrigas das pernas depois das pernas e dos pés estarem bem aquecidos. Se os pés estão frios ou se a criança está com calafrios, jamais se deve começar com compressas frias nesse local, nem mesmo com febre alta! 

Cuidado: Compressas frias nas pernas frias e nos pés frios é não só inútil, como também perigoso! 

As compressas nas pernas não são aplicadas geladas, mas frescas (12º a 18º), eventualmente com a adição de uma colher de sopa de sumo de limão ou de vinagre de frutas. Os panos não devem ser grossos, para poder ser bem ajustados e não formar pregas. Antes de aplicados devem ser levemente espremidos. Uma camada de borracha ou similar só se justifica colocar na cama para proteger o colchão. Em nenhum caso se usa material impermeável ao redor das pernas. Um pano de lã absorve muito bem o excesso de humidade, protegendo o colchão e deixando ao mesmo tempo passar o ar. Entre o
pano de lã e a compressa húmida mostrou-se útil o uso de um pano de flanela ou turco.

Modo de fazer as compressas: Os panos de algodão ou de linho finos são molhados em água fresca e bem espremidos. Partindo do pé, enrola-se a perna até abaixo do joelho e envolve-se esse pano húmido com uma flanela ou turco firmemente aplicado. Por cima deste, um pano de lã, também firmemente colocado ou as meias de lã do pai.
Durante o tratamento o paciente deve estar levemente coberto. Em caso de febre alta, as compressas podem ser substituídas de dez em dez minutos. Os panos, neste caso, já estarão aquecidos. Depois de trocar compressas três vezes, faz-se um intervalo de meia hora.
Se, durante o tratamento, os pés ficarem frios, interrompe-se imediatamente a aplicação de compressas.

Indicação para bebés e crianças pequenas:  Para evitar um susto com a aplicação das compressas frias, pode começar-se com a primeira compressa com água a 25ºC e depois ir refrescando até 12ºC a 18ºC.  Para as crianças que recusam as compressas frias nas pernas e nos pés, pode fazer-se um escalda-pés com temperatura descendente.



8. Escalda–pés com temperatura descendente:


Atenção: Só se pode fazer este escalda-pés se as pernas e os pés estiverem bem aquecidos! 


Material: 
Banheira especial ou um balde suficientemente largo e alto 
Termómetro clínico 
Toalha de turco e meias de lã 

Modo de fazer: 
Encher o balde com água (32ºC a 36ºC, o guia da temperatura da água é o bem estar do paciente). Colocar os pés no balde (a perna também deve estar dentro da água). Junta-se lentamente água fria, conforme o bem estar do paciente, até baixar a temperatura da água cerca de 5ºC a 15ºC a partir da temperatura inicial. 

Por exemplo: Se a temperatura inicial for 35ºC pode baixar-se até 30ºC ou 20ºC. 

No caso do balde não estar colocado dentro de uma banheira é necessário escorrer água de vez em quando para evitar o transbordo. 

Duração: 10 a 15 minutos, e em seguida secar as pernas e os pés, vestir meias de lã e repousar na cama. 

Indicação: Com bebés e crianças pequenas o escalda-pés pode ser feito num lavatório ou alguidar. Se a água não chegar até aos joelhos, deita-se a água com a mão côncava sobre as pernas. Durante o banho faz-se uma ligeira massagem nas pernas e nos pés.