"Uma das coisas que mais afecta os corações dos pais, e sobretudo das mães, é o choro do bebé, sobretudo quando se trata do primeiro filho. A criança parece estar numa enorme aflição, as lágrimas rolam pela cara, embora já se tenha tentado tudo para confortá-lo: foi alimentado, mudou-se-lhe a fralda, arrotou, etc.
«Será que ele vai ficar afectado psicologicamente se continuar a chorar?» Esta é a questão essencial de todos os pais, sobretudo a meio da noite, depois da mãe se ter levantado duas ou três vezes e já mal conseguir arrastar-se para a cama outra vez.
Para respondermos a esta questão devemos olhar primeiro para o sofrimento dos adultos. O sofrimento de um adulto pode alojar-se profundamente na alma. Perante a morte de alguém querido, ou quando um filho se prejudica de forma grave, os pais afundam-se literalmente na dor. Quando este sofrimento se prolonga pode chegar ao ponto de afectar o corpo. O rosto adquire uma expressão de mágoa e, muitas vezes, ouvimos falar de pessoas cujo corpo ficou "aniquilado pela dor". Rir e alegrar-se, celebrar ou divertir-se, parecem coisas tão impensáveis quanto impossíveis. A tristeza transforma-se numa espécie de suspensão da alma que deixa cicatrizes indeléveis, impossíveis de apagar ou cobrir. Até mesmo uma tristeza menor (que não esta dor intensa) afecta a alma do adulto: pode fazê-lo chorar, sentir-se infeliz ou miserável durante dias ou semanas. Neste estado, não há lugar para rir nem para alegrar-se.
Quando um bebé chora pode não querer ser deitado na cama, pode doer-lhe a barriga ou estar demasiado cansado. Seja qual for a razão, quando chora parece estar bastante infeliz. Assim que a mãe pega nele, são suficientes alguns segundos para que comece a sorrir, a gorgolejar e arrulhar de alegria - a aflição parece já estar longe e ele torna-se novamente um bebé simpático e sorridente. É bastante óbvio que a sua alma mal foi tocada por este choro. Não houve qualquer aprofundamento de um estado de alma. No bebé, os efeitos do choro são como falsas marcas de lápis na superfície da alma que podem ser facilmente apagadas, sem deixar qualquer vestígio. Apenas experiências graves e traumáticas atravessam esta superfície e deixam marcas.
Um bebé saudável não fica psicologicamente afectado devido a uma duração de choro "normal". A nível físico, dá-lhe uma oportunidade para inspirar e expirar profundamente e arejar os pulmões, pelo que pode até ser benéfico. No entanto, se um bebé chora persistentemente, deverá ser procurado aconselhamento médico.
É o bebé que fica acordado e que chora frequentemente a meio da noite que mais preocupa os pais. Uma vez que já muito foi escrito sobre este tema, não iremos discuti-lo detalhadamente aqui, mas dar apenas algumas dicas.
Para que o bebé adormeça é importante, em primeiro lugar, embrulhá-lo bem (ver imagem).
No primeiro mês de vida, é importante embrulhar o bebé deste modo antes de colocá-lo no berço. Em segundo lugar, a mãe deve estar calma. A fralda, se estiver molhada, pode ser mudada no berço, enquanto a mãe ou o pai o acariciam, sem tirá-lo da cama. Falar com ele calma e docemente costuma ajudar. É um erro comum ficar com um bebé acordado ao colo durante horas a meio da noite - se ele continua a chorar, e está de boa saúde, poderá ser deixado por alguns períodos, desde que a mãe ou pai regressem em intervalos regulares para lhe dar confiança. Deste modo, ele não se sentirá abandonado. A grande maioria dos bebés saudáveis acabarão por responder positivamente a este método, embora possa demorar de duas a três semanas.
No primeiro mês de vida, é importante embrulhar o bebé deste modo antes de colocá-lo no berço. Em segundo lugar, a mãe deve estar calma. A fralda, se estiver molhada, pode ser mudada no berço, enquanto a mãe ou o pai o acariciam, sem tirá-lo da cama. Falar com ele calma e docemente costuma ajudar. É um erro comum ficar com um bebé acordado ao colo durante horas a meio da noite - se ele continua a chorar, e está de boa saúde, poderá ser deixado por alguns períodos, desde que a mãe ou pai regressem em intervalos regulares para lhe dar confiança. Deste modo, ele não se sentirá abandonado. A grande maioria dos bebés saudáveis acabarão por responder positivamente a este método, embora possa demorar de duas a três semanas.
Durante as primeiras seis semanas de vida do bebé, às vezes mais um pouco, dependendo da criança, a melhor política durante a noite é amamentá-lo sempre que ele quiser. A maior parte dos bebés dorme, de seguida, por mais umas três ou quatro horas. Se ele se mantém acordado e enérgico, será mais fácil para a mãe se o deitar junto a si - a maior parte dos bebés adormece depressa se estiver encostado à mãe. Dos 3 meses em diante poderá encorajar-se um ritmo de amamentação mais regular, mesmo durante a noite - uma vez por noite é o mais comum e aceitável para a maioria das mães, até aos 6 meses. A partir daqui, a amamentação durante a noite deixa de ser aconselhável, e as dicas que acima indicámos poderão ser usadas novamente. Mesmo que a criança se comporte como uma coruja, a mãe precisa de descansar. É preciso que os pais possam descansar seguros de que algum de choro não vai prejudicar os filhos!
"RIR E CHORAR FAZEM PARTE DA VIDA, AMBOS TÊM LUGAR NO ESQUEMA DAS COISAS"
Excerto retirado do livro The Incarnating Child de Joan Salter (Hawthorn Press, UK, 1987)