SÍNDROME DO CORONA - PORQUE É O MEDO MAIS PERIGOSO QUE O VÍRUS
O Dr. Thomas Hardtmuth, nascido em 1956, é médico e escritor. É professor de Ciências da Saúde e Medicina Social no Dualen Hochschule Baden-Württemberg, exerce medicina desde 1985, tendo-se tornado mais tarde cirurgião-chefe do Departamento de Cirurgia do Tórax, na clínica de Heidenheim.
Assistimos
a uma onda de ansiedade por todo o mundo. É destrutiva, tem um efeito doentio,
por um lado, mas também oferece uma grande oportunidade de aprendizagem sobre a
possibilidade da nossa civilização dar um novo passo no seu desenvolvimento. A
abordagem científica indica que, embora as pandemias exijam uma compreensão do
vírus, mais importante do que isso, é uma compreensão mais profunda do sistema
imunológico. Ao colocarmos o foco exclusivamente no vírus, mecanismos de infecção
e cenários de catástrofe, afastamos a atenção dos efeitos críticos que as
influências psicológicas e sociais têm no sistema imunológico humano.
Segundo
a perspectiva antroposófica, estamos a viver na era da alma da consciência. É
também a era da ciência. Tudo começou no século XVI e continuará no futuro. No
final desta época, o ser humano terá conquistado um horizonte muito mais amplo.
Antes desta época, era a idade da alma do intelecto. O pensamento lógico
desenvolvido a partir da filosofia grega é uma conquista significativa desse
período.
A
crise do corona vírus fornece-nos um exemplo que nos permite estudar as
diferenças entre a “velha” abordagem da alma do intelecto e a da consciência.
De uma forma simplificada, podemos dizer que a alma do intelecto generaliza e a
alma da consciência integra. A alma do intelecto pensa numa única direcção, a
alma da consciência absorve toda a amplitude e periferia de um fenómeno. Quando
cinco pessoas discutem e cada pessoa tem uma opinião diferente, raramente isso acontece
por os argumentos serem inconciliáveis. É devido à incapacidade de reconhecer
como cada opinião é justificada de uma certa perspectiva e que não se trata de
"um ou outro", mas de um "assim como". A alma do intelecto
pensa de maneira linear, em termos de lógica uni-dimensional - A segue B e de B
vem C. A compulsão inerente a essa lógica determina a necessidade de estar
certo. Esse tipo de pensamento não é capaz, por exemplo, de compreender o
princípio da vida, porque só é capaz de pensar em termos de ligações causais
mecanicistas e não de relacionamentos integrais e interacções mútuas complexas.
A ciência dos sistemas integrados, no entanto, é uma expressão da abordagem da
alma da consciência.
No âmbito do problema do corona vírus, a análise
da alma do intelecto é: Os vírus causam doenças e propagam-se por infecções. Os
vírus sofrem mutações e levam a epidemias com muitas mortes. Para evitar isso e
reduzir a infecção, devemos minimizar o contacto humano, fechando escolas,
lojas, restaurantes, hotéis, teatros, salas de concerto e proibindo todas as
formas de encontro humano para resolver o problema. Esta é uma imagem uni-dimensional
do que é um vírus e vai apenas numa direcção. Ao fazermos isto, afastamo-nos
ainda mais da realidade, trazendo mais danos do que o próprio vírus.
Portanto, tentaremos adoptar uma
abordagem baseada em sistemas integrados para o problema da pandemia viral e
lançar luz sobre ela, do maior número possível de perspectivas.
Durante uma transmissão
televisiva (23/3/2020), o presidente da Associação de Detectives Alemães,
Sebastian Fiedler, fez uma observação inteligente, lamentando a falta de pensamento
baseado em sistemas sobre este assunto. Precisamos de uma mesa redonda que
inclua não apenas políticos e virologistas, mas "pensadores
inteligentes" de vários campos da vida que possam considerar os fenómenos
sob muitos ângulos diferentes e desenvolver uma resposta interdisciplinar.
O nível de conhecimento
geralmente disponível, em especial na classe política, é demasiado baixo, o que
justifica as acções que estão a ser tomadas. Existe uma perigosa falta de
entendimento do sistema imunológico humano e dos factores psicológicos e
sociais com os quais está intimamente ligado.1
Os estudos interdisciplinares pertencem à alma da consciência
A crise do corona vírus não é
apenas um problema viral, mas um problema para toda a sociedade, e os danos
causados pelas medidas actualmente tomadas ainda não estão a ser totalmente considerados.
É provável que as dificuldades resultantes a longo prazo superem em muito o
problema do próprio vírus. De acordo com o professor de economia Christian
Kreiß, a crise do corona vírus levará
a uma das piores recessões económicas desde o início do século XX, com
falências de estados, fome, desemprego em massa, crescentes tensões e
conflitos.2
Para mostrar como uma abordagem
baseada em sistemas poderia resultar, gostaríamos agora de esboçar alguns
aspectos.
Estatísticas, taxas de mortalidade, testes
Cerca de dez milhões de pessoas
são infectadas em cada ano com tuberculose e 1,5 milhões morrem por causa dela.
Uma grande proporção dos que morrem poderia ser salva se medidas relativamente
simples fossem adoptadas para melhorar as condições de vida (nutrição, higiene,
habitação). 80 000 crianças em África morrem em cada ano da terrível doença
Noma, que literalmente devora seus rostos com infecções e causa uma grande desfiguração.
A doença é principalmente o resultado da deficiência em vitaminas e proteínas e
poderia ser evitada com relativa facilidade. Qual seria a resposta do público
se os meios de comunicação social reportassem
isso diariamente, por semanas a fio? A maioria das pessoas, no entanto, nem
sequer conhece esta doença.
8 milhões de pessoas em todo o
mundo morrem todos os anos como resultado da poluição do ar - cerca de 80 000
na Alemanha -, o que equivale a 220 por dia. Quase a mesma quantidade de mortes
é causada pelos efeitos colaterais de medicamentos prescritos. Embora estas
mortes não sejam auto-infligidas e pudessem ser significativamente reduzidas se
houvesse vontade política para tal, não há discussão pública sobre elas, como
ocorre com a crise do corona vírus.
Em todo o mundo, e anualmente, cerca
de 650 000 pessoas morrem de gripe.3 Na Alemanha, durante os anos em
que houve grandes surtos de gripe, entre 10.000 a 25.000 pessoas morreram, o
que corresponde a 60 mortes por dia. Ainda não sabemos se haverá mais mortes
devido à gripe e ao corona vírus este ano, mas todas as indicações sugerem que
o número total não será muito diferente das estatísticas anuais de gripe.4
No Inverno de 2018, 25 000
pessoas morreram de gripe na Alemanha, no espaço de 8 semanas, de acordo com dados
fornecidos pelo Instituto Robert Koch5, e praticamente não se falou
disso nos meios de comunicação social. De facto, essa taxa de mortalidade foi
aceite como estando dentro da normalidade. Em relação a essa situação, o
virologista Prof. Carsten Scheller, da Universidade de Würzburg, fez a seguinte
observação: Na primeira semana, 100 pessoas morreram, na segunda, 1 000, na
terceira semana 5 000, depois a taxa de mortalidade diminuiu da mesma forma
como havia surgido. Estamos muito distantes desses números com o coronavírus,
mas as medidas implementadas e o nível de ansiedade gerado são muito maiores.
Porquê?
O Prof. Scheller ressalta que,
tudo o que sabemos sobre o vírus, sobre a sua virulência e morbilidade, não é
muito diferente do vírus comum da gripe. A falta de confiança geral nos dados
levou os virologistas a oferecerem prognósticos amplamente divergentes, desde
cenários catastróficos até aos indistinguíveis de uma gripe comum. O principal
problema no momento é que os números divulgados nos meios de comunicação social
sugerem uma taxa crescente de infecção, o que pode não ser o caso. Se hoje são
testadas 1 000 pessoas, das quais 30 estão infectadas, no dia seguinte, 2 000,
60 estão infectadas, no terceiro dia são feitos 5 000 testes com 150 testes
positivos, não é a taxa de infecção que está a aumentar exponencialmente, mas sim
os testes.
O que está a faltar é uma análise
de amostra aleatória na qual uma pesquisa representativa de, digamos, 1 000
pessoas é testada e, uma semana depois, o exercício é repetido com um grupo
igualmente representativo. Somente desta maneira é possível avaliar a
propagação da infecção. Tal só foi realizado dessa maneira na Islândia. Das 9 678
pessoas testadas aleatoriamente, apenas 1% deu positivo, apesar de estar
confirmado que o vírus tinha sido trazido por turistas e fãs de futebol. O
resultado ainda mais interessante, de acordo com Guðnason, foi no entanto: “que
cerca de metade dos que testaram positivo não apresentaram sintomas. A outra
metade apresentou sintomas fracos típicos duma constipação”.6 Os
números envolvidos não foram diferentes das constipações sazonais e dos surtos
de gripe. Todos os vários aspectos da actual pandemia global de corona vírus
poderiam servir para mostrar o caos causado quando o medo, ignorância, pânico e
interesses comerciais inescrupulosos se fundem e ficam fora de controle.
Uma palavra sobre o teste de diagnóstico
Ao testar o vírus, precisamos de estar
cientes que os testes só podem confirmar o que já sabemos (sobre vírus). E em
relação a vírus, isso é menos de 1%.
O método actualmente usado, a PCR
(Reacção em Cadeia da Polimerase), não confirma a presença de um vírus, mas de
uma sequência de nucleotídeos, trata-se de uma secção do DNA que sabemos estar
presente no vírus que procuramos. A análise é baseada em testes de doentes e no
isolamento de um vírus que é considerado a causa da doença. Este vírus é então
cultivado e a sua sequência de DNA ou RNA é determinada. No caso dum vírus RNA,
o material genético deve primeiro ser transformado como DNA. Em seguida, uma
cadeia específica é definida e reproduzida repetidamente usando PCR até que a
sequência de DNA que está a ser procurada seja confirmada. As análises padrão
mostraram que essas sequências têm um comprimento de cerca de 3000 pares de
bases. O início e o fim da secção são delimitados pelos chamados primers que são usados para marcar a secção
a ser reproduzida.
Portanto, não estamos a provar
directamente a presença de um vírus, mas o laboratório ou um departamento de
saúde - como o CDC (Centros de Controle de Doenças) nos EUA - define uma
sequência de DNA considerada específica para o vírus que está a ser procurado.
No entanto, pelo menos 99% de todos os vírus são desconhecidos para nós, o que
significa que não podemos excluir a possibilidade de que a sequência de DNA
possa ocorrer em outros vírus, bactérias e parasitas - dos quais existem
milhões -, mas que não estão relacionados com a doença. Os vírus sofrem mutações
e desintegram-se muito rapidamente podendo formar espontaneamente novos vírus a
partir dos fragmentos (ou "juntá-los", como o virologista Luis
Villereal descreve) contendo sequências dos vírus desintegrados. Portanto,
precisaríamos de conhecer todos os vírus para ter a certeza de que uma
sequência específica pertence a uma única espécie. Mas esse não é o caso. A
análise de PCR não pode distinguir entre vírus vivos e mortos.
O perigo de depender da análise
de PCR reside no facto de que ela só pode ampliar uma quantidade muito pequena
de material genético e não é possível saber se isso tem alguma relevância para
a doença. Muitos dos chamados agentes patogénicos são encontrados no nosso
organismo, mas em números tão pequenos que não representam ameaça. No entanto,
eles são registados através do teste de PCR. É por isso que muitas vezes
existem discrepâncias tão grandes entre os infectados e os que realmente
adoecem. O rápido aumento nas taxas de infecção, que é usado para argumentar a
favor de uma pandemia que avança dramaticamente, não diz nada, em última
análise, sobre o real perigo para a saúde. O número de “novas infecções”
publicado diariamente nos meios de comunicação social não são infecções na definição
normal do termo, mas resultados de testes cuja relevância para a doença
permanece incerta, para dizer o mínimo.7
Além disso, devido à alta
mutabilidade dos vírus, não podemos excluir a possibilidade de haver mutações
não patogénicas que, embora compartilhem a mesma sequência de DNA, não são
responsáveis pelos sintomas da doença. A sequência de DNA não pode, portanto,
ser considerada idêntica ao agente patogénico. Isso significa que existe a
possibilidade de haver resultados positivos em testes de pessoas saudáveis e
não infectadas. Os resultados dos testes também podem ser distorcidos por
vários contaminantes.
Meio ambiente e conservação da natureza
Os chamados hotspots para infecções generalizadas por doenças (DIE - Doenças
Infecciosas Emergentes) ocorrem em locais onde as influências da actividade
humana (densidade populacional, indústria, agricultura, uso de antibióticos)
são mais fortes (EUA, Europa Ocidental, Japão, Austrália). Num estudo que
cobriu as 335 epidemias/pandemias globais ocorridas entre 1940 e 2004, 20%
foram causadas por micróbios resistentes a medicamentos (tuberculose
multirresistente, malária resistente à cloroquina, Staphylococcus aureus
multirresistente). 60% foram causados por zoonoses [doenças transmitidas de
animais para humanos] que apresentam a maior ameaça de DIEs. A conclusão dos
autores é que uma abordagem mais ecológica ou uma desindustrialização da
agricultura e da pecuária, bem como a redução das actividades antropogénicas em
regiões com uma população de animais selvagens altamente diversificada, seriam
os meios mais eficazes para prevenir epidemias.8
Num artigo intitulado “O
desmatamento incentiva vírus. As doenças espalham-se porque as pessoas destroem
florestas antigas. A conservação da natureza pode reduzir o risco de pandemias
”, publicado no jornal Südwestpress em 3/4/2020, o renomado biólogo Josef
Settele, do Helmholtz-Zentrum for Environmental Research e presidente do
Conselho Consultivo para a Biodiversidade Mundial alertou, em 2011, que: “Se
não mudarmos de rumo, podemos esperar que mais pandemias ocorram”. Para resumir
sucintamente, podemos dizer: A destruição de habitats animais fará com que cada vez mais vírus do reino animal
entrem no reino humano e causem doenças. A ministra alemã do Meio Ambiente,
Svenja Schulze, disse: "Esse é o problema que devemos resolver". E
apelou a uma maior protecção da natureza como política de saúde preventiva.
"O facto de que a exploração da natureza causará um enorme problema de
saúde, já está bem documentado."
A maioria das infecções virais têm
a sua origem em animais e são transferidas para seres humanos. Porque será?
Precisamos de examinar essa questão com mais detalhe para descobrir o motivo.
A maioria dos vírus patogénicos
que afectam os seres humanos provém de animais que não apresentam sintomas. Sob
certas condições, esses vírus sofrem mutações no interior dos animais e depois
são transferidos para seres humanos causando doenças. Quais são essas
condições? Existe um princípio básico em virologia, que refere que num sistema
biológico sob stress, a actividade
viral aumenta. Podemos, por exemplo, medir o nível de stress de uma pessoa medindo a actividade viral na sua saliva. Este
fenómeno pode ser verificado desde a era neolítica, quando os seres humanos se
estabeleceram e transformaram paisagens selvagens em áreas de cultivo, fazendo
com que a natureza e o mundo animal sofressem uma certa quantidade de stress. Hoje sabemos que o sarampo e a
tuberculose tiveram a sua origem em vacas, a tosse convulsa em porcos, a gripe em
patos, sendo posteriormente transferidas para os seres humanos.9
Onde quer que os humanos tenham agido
destrutivamente em habitats naturais
que evoluíram ao longo de milhões de anos e formaram ecossistemas equilibrados
altamente complexos, foram libertados vírus que se tornaram agentes patogénicos
para os humanos. Quando o governo colonial belga construiu ferrovias e instalou
cidades na floresta tropical primitiva do Congo, o Lentivírus, que existia
inofensivamente nas populações dos macacos nativos (Macaques), gradualmente
adaptou-se aos seres humanos. Isto levou mais tarde ao aparecimento do vírus da
Imunodeficiência Humana (HIV), que causa a SIDA.
As maiores florestas de mangue da
Índia e Bangladesh, os Sunderbans, estão entre os mais ricos ecossistemas do
planeta. Durante e após o período colonial foram destruídas sem piedade, tendo somente
nas últimas décadas recebido protecção. Quando a empresa britânica das Índias
Orientais, no século XIX, começou a limpar grandes áreas para o cultivo de
arroz, cada vez mais pessoas entraram em contacto directo com a água salobra e
os microrganismos que ali viviam – tendo tido como resultado um total de sete
enormes pandemias de cólera.
Quando o ambiente natural dos
animais é destruído, eles entram na órbita dos seres humanos e com eles vêm os
vírus. Assim, nas plantações de fruta, encontramos a saliva e a urina de
morcegos, que hospedam todo um reservatório de vírus. O vírus Nipah, que causa
infecções cerebrais graves e tem uma taxa de mortalidade de 50%, é transferido
dessa maneira para os seres humanos, principalmente através de porcos como
hospedeiros intermediários.
Os morcegos da fruta também
servem como reservatório natural para o vírus Ébola, que é uma infecção
hemorrágica, com febre alta, da qual a maioria dos pacientes morre (em 2014,
houve 11 000 mortes na África Ocidental).
Estes vírus são capturados por
porcos e macacos como hospedeiros intermediários e depois sofrem mutações antes
de serem transferidos para os seres humanos.
Nas grandes explorações agro-industriais
americanas, mais de 50% dos animais engordados estão infectados com a bactéria
EHEC10 (Ecoli), prejudicial aos seres humanos, mas não aos animais. Nestas quintas
em escala industrial, acumula-se uma enorme quantidade de excrementos, que é
impossível eliminar. Portanto, é armazenada em vastas fossas de chorume (líquido
que resulta da decomposição do lixo) - o local ideal para os germes EHEC. Estes
ao entrarem na cadeia alimentar humana, via água potável, causam cerca de 90 000
infecções nos EUA, a cada ano.10
Nos chamados mercados húmidos da
Ásia, especialmente na China, animais vivos são oferecidos aos clientes e
abatidos imediatamente antes de serem vendidos. Os animais são frequentemente
empilhados em caixas estreitas e sofrem uma enorme quantidade de stress. Daí resultam grandes quantidades
de vírus libertados ou trocados entre animais e humanos. Suspeita-se que a
principal fonte de infecção do actual surto de coronavírus tenha sido o Mercado
Grossista de Wuhan Huanan para Peixes e Frutos do Mar, na China. Verificou-se
também que os agentes patogénicos causadores da SARS, gripe das aves e outras
novas infecções têm origem nessas condições deploráveis e nas grandes explorações
agro-industriais.11
Precisamos de nos questionar se a
maneira irresponsável como exploramos a natureza não nos levará a pagar um
preço mortal - o que a vários níveis parece cada vez mais provável. Com uma
calamitosa falta de entendimento sobre a inter-relação com a natureza, a
indústria global de alimentos continua a operar de acordo com o princípio de
"catástrofe a longo prazo em troca de lucros a curto prazo". Como
resultado de vastas monoculturas, as populações de certas espécies estão a
mudar dramaticamente, causando desequilíbrios ecológicos globais e uma
predisposição para doenças numa escala que é difícil de imaginar.
É habitual argumentar que novas
epidemias têm origem em "aves selvagens asiáticas", mas isso não
corresponde aos factos. O microbioma, ou seja, os vírus das aves indígenas,
pertence tanto às aves selvagens quanto as respectivas penas e bicos. Quando
esses vírus são capturados por espécies semelhantes em unidades intensivas de
aves, eles transformam-se em variantes patológicas e simultaneamente tornam-se
uma ameaça para os seres humanos. Isto é muito significativo. Porque é que os
vírus de aves, normalmente inofensivos para as pessoas, sofrem uma mutação
repentina e se tornam agentes patogénicos para o ser humano nas grandes explorações
agro-industriais? É claro que é o ser humano que constrói essas instalações
"doentes" e, assim, faz parte de todo um sistema patológico que
depois se reflecte nele.
A melhor protecção contra
epidemias é respeitar as criaturas vivas e proteger a natureza. A actividade
patológica dos microrganismos começa quando ignoramos a esfera de integridade
em seres humanos e animais. As doenças surgem quando humanos e animais estão
sob stress contínuo, em regiões
atingidas pela crise, onde há superlotação, medo, pobreza, alienação da
natureza, em grandes explorações agro-industriais e quando um grande número de
pessoas é mantido em condições desumanas.
Observe com atenção!
São feitas previsões diversas por
virologistas, desde as menos dramáticas até às previsões com milhões de mortes,
como verificadas na pandemia da gripe espanhola (1918-19). O facto é, no
entanto, que os virologistas simplesmente ainda não sabem o suficiente e não
devem, nem podem, deixar-se levar pelo debate polarizado entre aqueles que
dizem que é inofensivo e aqueles que entram em pânico. O renomado
epidemiologista de Stanford, J.P. Ioannidis, enfatizou que os dados actualmente
disponíveis são insuficientes para fornecer uma avaliação confiável.
A razão pela qual ocorreram
muitas mortes em Itália e noutras regiões, é uma questão que precisa de ser cuidadosamente
examinada antes de culpar prematuramente o coronavírus, embora os camiões que
vimos nos meios de comunicação social transportando cadáveres pela Lombardia
possam sugerir que tal seja o caso. Fenómenos incomuns requerem uma avaliação
particularmente cuidadosa. Isso vem de anos de experiência médica. É evidente
que existem outros factores que o vírus sozinho não pode explicar. Afinal, porque
é que uma determinada região faz com que o mesmo vírus seja tão diferente em
termos de infecciosidade, patologia e até morbilidade? Tais fenómenos
geralmente têm múltiplas causas e devemos ter sempre cuidado com explicações
simplistas.
É necessário uma anamnese precisa
para cada diagnóstico médico. Então, qual é a situação em Itália?
A idade média dos que morreram
foi de 81 anos.12 Se uma pessoa idosa, que sofre de várias queixas,
é positiva para o coronavírus e morre, isso não significa que tenha morrido de
coronavírus. Isso significa apenas que o sistema imunológico enfraquecido no
final da sua vida permite a entrada de vários outros parasitas, bem como do
coronavírus predominante. Embora possa, em certas circunstâncias, acelerar o
processo de morte, não é a causa da morte. A maioria não morre por causa, mas
com o coronavírus. Os altos números registados em Itália foram gerados usando
esse tipo de dados epidemiológicos imprecisos.
É necessária uma investigação
para descobrir se nas regiões afectadas estavam em circulação outras doenças
infecciosas que poderiam ter tornado o problema mais agudo.13 Ou
talvez, em resposta ao medo da infecção, muitas pessoas tenham sido vacinadas e
tenham aumentado temporariamente a sua susceptibilidade à infecção.14 O
alto nível de poluição do ar na Lombardia também é um factor que aumenta o
número de casos agudos de broncopneumonia.
Ou ainda o uso de antibióticos na
região. Estes são frequentemente prescritos em excesso durante surtos de gripe.
Sabemos, pelas pesquisas actuais sobre o microbioma, que mesmo uma dose única
de antibióticos pode reduzir significativamente a resistência imunológica de um
organismo. Já se sabe há muito tempo que para infectar ratos saudáveis com
salmonela seriam necessários 100 000 germes para infectar 50% dos ratos. No
entanto, se os ratos receberam um único tratamento com antibióticos durante as
semanas anteriores (o que causa irritação duradoura no microbioma intestinal),
são necessários apenas 3 germes para infectar 50% .15
A população da Lombardia tem a mais
elevada idade média da Europa. Dos pacientes que apresentam sintomas de gripe,
80% são tratados com antibióticos, 50% recebem drogas antivirais e 30% recebem corticosteroides.16 Os antibióticos
são ineficazes no tratamento de infecções virais, enquanto os esteróides e
muitos dos medicamentos antivirais são imunossupressores.
Depois, há o facto de que, como
parte das medidas de austeridade da UE, o número de camas hospitalares em Itália
foi reduzido de 10 por mil habitantes para 3 e o número de funcionários de
enfermagem foi reduzido em 30%. Isso significa que a disponibilidade e,
principalmente, a qualidade dos cuidados prestados às pessoas idosas se
tornaram significativamente piores. As imagens das unidades de saúde, em Bergamo,
em colapso também estão relacionadas com a escassez de camas hospitalares.
Nestes casos, é preciso examinar
cuidadosamente cada paciente, a sua situação de vida e a sua anamnese, para se
obter uma compreensão realista da sua doença. O nível de segurança sentido no
contexto social diminui à medida que o desemprego aumenta e é um indicador
confiável para determinar até que ponto a infecção se espalhará.
Num estudo com pessoas
desempregadas realizado na Universidade de São Francisco em 200717 desde
o início do período de desemprego, as células “natural killers” foram usadas
para testar regularmente a actividade do sistema imunológico, por um período de
19 meses. Elas mostraram um declínio contínuo e um aumento correspondente na
susceptibilidade à doença. As células “natural killers” eliminam vírus e
células cancerígenas do organismo. Verificou-se que nas pessoas que encontraram
novos empregos, a actividade imunológica retornou ao seu nível anterior.
Resultados semelhantes foram encontrados num estudo, realizado em Osaka, Japão,
em taxistas que sofreram uma acentuada perda de rendimentos e trabalho devido à
recessão económica e, como resultado, manifestavam ansiedade existencial.
Mostrou-se, usando vários parâmetros imunológicos, que os níveis de resistência
diminuíam e que quanto maior a carga psicossocial, maior era o risco de
infecção.18
É compreensível que um nível
excessivo de ansiedade e medo possa causar erros graves ao avaliar a realidade
de uma situação e seja responsável por erros de interpretação (em psicologia,
falamos de “Catastrofização”), no entanto aquele não ajuda muito -
principalmente em situações médicas precárias - no desenvolvimento de
estratégias apropriadas. A transmissão de informação emocionalmente carregada
(assustadora) de suposta origem médica por relatores não profissionais
significa que, após dois ou três intermediários, muitas vezes resta muito pouco
do conteúdo original. É uma condição psicológica da qual muitos jornalistas
claramente não estão livres. Os políticos também estão sob enorme pressão para
atender às expectativas e são movidos pelo medo do fracasso e pela ameaça de
derrota eleitoral. Sob exposição contínua aos meios de comunicação social, e
contra o intenso lobby das empresas
farmacêuticas, eles tendem a reagir sem muita reflexão e consideração pelo que
realmente está a acontecer.
A epidemia do medo é muito mais
infecciosa que o vírus e vale a pena considerar os seus efeitos sócio-psicológicos
cumulativos. Um país toma “medidas de protecção”, o próximo país segue o
exemplo, aqueles com responsabilidade política ficam com medo de falhar e, por
vezes, tentam superar o anterior em termos de medidas radicais tomadas, que num
contexto de medo colectivo, tem o apoio dos eleitores ansiosos para os ver “agir”
e vir em “sua salvação”. Ao mesmo tempo, os meios de comunicação social competem
para fazer anúncios adequadamente dramáticos e relatar questões que alimentam
as expectativas de um público medroso. É assim que essas câmaras de eco
auto-amplificadoras dos meios de comunicação social surgem. São principalmente
profissionais que sendo entrevistados tendem a confirmar o medo gerado. Os
institutos virológicos, mais preocupados do que geralmente se supõe com a sua reputação
e com os fundos necessários para a sua pesquisa, também usam este cenário para alcançarem
os seus próprios interesses. Embora não saibam praticamente nada sobre como esta
“pandemia” se desenvolverá, sentem-se obrigados a fazer uma análise ousada que,
por sua vez, leva a previsões altamente divergentes.
É importante estar ciente da
dinâmica psicológica e social de tais epidemias. Em situações globais tão
carregadas, a pressão psicológica sobre os responsáveis para agir torna-se
irresistível!
Agora, um exemplo de alguém que
demonstrou verdadeira coragem: durante a epidemia de SIDA na décadas de 1980 a
1990, mais de 50% da população em algumas regiões da África do Sul acusou
resultado positivo para o HIV e a OMS previu que muitos milhões morreriam nos
próximos vinte anos - foi até previsto que regiões inteiras seriam
exterminadas. O então presidente Thabo Mbeki não observou números de
mortalidade tão elevados no seu país e convocou um painel internacional de
cientistas, incluindo alguns mais críticos, para aconselhá-lo. Como resultado,
não foram realizados mais testes nem tratamentos antivirais. A consequência
foi, no entanto, que a taxa de mortalidade na África do Sul permaneceu
inalterada e em muitas das regiões afectadas a população registou as maiores
taxas de crescimento de todo o continente.19
Vírus e sistema imunológico
O Coronavírus não é novo e faz parte
de um grande grupo de agentes patogénicos que afectam as vias aéreas superiores
anualmente. É claro que esses vírus RNA, altamente mutáveis, podem variar em
termos de infecciosidade e gravidade, mas isso não depende apenas do vírus, também
depende em grau considerável do nível geral de imunidade da comunidade. O que
nos leva ao ponto essencial.
O risco de ficar gravemente
doente aumenta com a idade, porque as forças de resistência ficam diminuídas,
outros problemas de saúde podem ocorrer e o sistema imunológico é mais fraco. Em essência, não morremos do vírus, mas de
uma predisposição específica, ou seja, um sistema imunológico enfraquecido, sem
o qual o vírus não se poderia propagar como uma doença grave pelo organismo.
Na época da epidemia de gripe espanhola20 em 1918, que eclodiu após os
quatro anos de stress da Guerra Mundial,
foram realizadas experiências com soldados presos em Boston e São Francisco para
testar o risco de infecção. 62 jovens saudáveis, 39 dos quais nunca tinham tido
gripe antes, seriam perdoados se concordassem em receber secreções nasais de
pacientes gravemente doentes pulverizadas na sua boca e garganta. Sentaram-se
ao lado de pacientes doentes, respirando o ar expirado por eles, incluindo o ar
resultante da sua tosse - e nenhum deles foi infectado.21
Outro exemplo pode ser dado para
enfatizar este ponto. Há muito que se sabe que o ser humano possui milhares de
células cancerígenas que são mantidas sob controle por um sistema imunológico activo.
Em 2004, apareceu um estudo muito esclarecedor intitulado “Cancro sem doença” .22
Em autópsias realizadas em 200 mulheres com idades entre os 40 e 50 anos que
morreram em acidentes, verificou-se que 39% delas tinham células cancerígenas
na mama, embora a taxa de doença para essa faixa etária seja de apenas 1%.
Resultados semelhantes foram encontrados para cancro da próstata e tiróide. Por
outras palavras, isto significa que temos sempre células cancerígenas em nós,
mas só adoecemos se o sistema imunológico o permitir. A terapia moderna contra
o cancro coloca cada vez mais ênfase na actividade do sistema imunológico, em
vez de nas células cancerígenas. As células cancerígenas já não são
investigadas, mas sim o que acontece ao seu redor.23
É semelhante o que se passa com os
vírus. Em cada folha de salada que consumimos, recebemos um bilião de vírus. Um
mililitro de água dum rio saudável, ou do mar, pode conter mais de 10 milhões
de vírus. Até a água potável está cheia de vírus. A cada respiração, absorvemos
milhares de vírus. Nos nossos intestinos, pulmões, pele, mucosas e até nas
células do nosso corpo existem inúmeros vírus. Mal conhecemos 1% de todos esses
vírus, mas uma coisa é certa - eles não causam doenças! Pelo contrário, o
entendimento mais recente da genética ensina-nos algo que exige uma abordagem
totalmente diferente, que nada tem a ver com a velha ideia do vírus ser um
inimigo. Os vírus são os factores determinantes da evolução genética, são os
motores para renovar e contribuir para a diversidade de espécies. E -
provavelmente a descoberta científica mais importante do século XXI - toda a
nossa composição genética é formada por vírus!
Material genético flutuante
É
preciso entender que o vírus é o material genético flutuante externo, a partir do
qual os organismos vivos constroem os seus genes durante o curso da evolução.
Assim como as plantas e animais extraem alimento, oxigénio e dióxido de carbono
para formar os seus organismos, também recebemos matérias-primas genéticas da
virosfera por longos períodos para criar nosso próprio material genético. Este
conhecimento moderno só pode ser explicado em termos relativamente simples
neste momento, mas aqueles com um interesse especial no assunto podem
acompanhá-lo na literatura relevante.24,25
Sempre que somos confrontados com
algo novo - pode ser um vírus, uma bactéria, mas também uma nova experiência de
vida - há uma oportunidade para um maior desenvolvimento, mas também o risco da
nova situação nos controlar - e é isso que acontece quando ocorrem infecções
virais, as quais constituem a menor parte de todas as manifestações virais.
Para entender isto, devemos
recordar mais uma vez o princípio básico de que a actividade viral aumenta em
todos os sistemas ecológicos - seja uma floresta, pântano, rebanho, comunidade
de pessoas ou organismo humano - assim que esse sistema estiver sob pressão. A
razão é simples, quando um sistema vivo é ameaçado, ele é forçado a adaptar-se,
tem que mudar para lidar com a nova situação de maneira apropriada. As mudanças
também são necessárias a nível microbiológico e genético. Falando
geneticamente, o ecossistema não pode esperar até que ocorra uma mutação. Como
agentes genéticos activos, os vírus são necessários, por assim dizer, para
permitir que esses processos de inovação ocorram. Existem, por exemplo,
variedades de millet que se tornaram
mais resistentes ao calor ao absorverem um vírus e, portanto, podem ser
cultivadas em regiões quentes e secas.26
Durante os meses de Inverno, as
pessoas e a natureza estão naturalmente sob certa tensão - falta de comida,
reservas de vitaminas e gorduras empobrecidas, falta de luz, calor, ventos
frios, etc. O período de transição entre o Inverno e a Primavera é o momento de
inovação e motivação, é o momento em que os seres humanos olham com confiança
para o futuro e fazem planos. Eles são motivados positivamente pela Primavera
que se aproxima. As inúmeras festividades tradicionais que acontecem entre o Carnaval
e a Páscoa estão relacionadas com isso. É um princípio evolutivo que se foi
desenvolvendo ao longo de milhares de anos. Toda a tradição do Carnaval tem as suas
raízes no abandono do antigo, afugentando bruxas e preparando-se para a nova
vida que foi desejada durante o Inverno.
No Inverno, a natureza está
adormecida e a Primavera que se aproxima é acompanhada por um “sopro de Primavera”,
uma nova qualidade de alma (na terminologia antroposófica é chamada de “astralidade”).
Essa qualidade desperta da astralidade expressa-se através do canto primaveril
dos pássaros e do canto do galo pela manhã. Dentro deste “sopro da Primavera”, que
ocorre entre Fevereiro e Março [no hemisfério Norte] um grande número de vírus
está activo. Os vírus são os órgãos da astralidade. São as matérias-primas
orgânicas com as quais as forças de renovação trabalham a nível biológico.
Somente em casos muito raros estes vírus são patogénicos, geralmente vivem a
chamada "vida adormecida". Eles podem, no entanto, entrar no nosso
organismo ou nas células do nosso corpo e começar a sofrer mutações,
especialmente os vírus RNA (gripe, HIV, corona, etc.). Costumam fazer isso a
uma velocidade incrível, para que nada permaneça do vírus original, passando
por um processo micro-evolutivo que é focado de maneira altamente individual na
pessoa ou no organismo hospedeiro em particular. Supõe-se hoje que os vírus
mutantes e o sistema imunológico se envolvam numa luta que leva à doença ou à
imunidade.27 O que está a acontecer na realidade é que essa mutação
viral, que é acompanhada e modulada sensitivamente pelo sistema imunológico,
expande a diversidade genética e desta forma amplia o alcance da inovação genética. Toda a diversidade de espécies
surgiu por este ou outro meio semelhante no curso da evolução.28
Com a ajuda dos vírus, criamos
novas possibilidades a nível genético, mas também corremos o risco de adoecer.
Quando uma criança pequena aprende a andar, aprende algo novo - uma criança
aprende muitas coisas novas todos os dias. Aprender a andar traz riscos. A
criança precisa de cair várias vezes e magoar-se antes de adquirir a nova
habilidade. Este também é o caso das doenças das crianças. É a altura em que as
capacidades imunológicas para a vida são desenvolvidas. Também são acompanhados
por muito esforço e uma certa quantidade de dor. Não é possível obter ganhos sem
custos. A natureza inactiva dum vírus significa que o aceitamos, processamos e
integramos da mesma maneira que captamos muitas outras coisas do mundo e as
tornamos nossas. Se o organismo ficar em stress,
no entanto, o estado adormecido pode se tornar lítico (destrutivo), o que
significa que o vírus começa a multiplicar-se e a destruir células (lysis). Temos então uma doença
infecciosa. Os vírus do herpes permanecem dormentes nas células nervosas e
tornam-se líticos quando ocorre stress,
causando então uma infecção (herpes labial ou zona).
Epidemias e equilíbrio social
O que significa imunidade? Isso
leva-nos a um ponto-chave: a actividade do nosso sistema imunológico é a directa
expressão da actividade do ego. Sempre que aprendemos algo novo e fazemos um
esforço real, o nosso ego [nosso Eu essencial] está presente.
A imunidade saudável a nível
biológico equivale, ao nível da alma, à consciência, motivação,
autoconsciência, presença de espírito, interesse, envolvimento, etc. Se realmente nos envolvemos
entusiasticamente em algo que seja significativo em termos de desenvolvimento e
faça sentido social para nós, teremos um sistema imunológico forte e robusto.
As sociedades que trabalham em conjunto por um ideal, ou compartilham uma visão
comum, são sociedades nas quais as ideias são vivas e as pessoas não estão
ansiosas, mas corajosas, criativas, cooperativas, justas e confiantes umas nas
outras, procurando alcançar um objectivo comum, e desta forma não fornecem um
solo fértil para epidemias.
Como demonstraram os
epidemiologistas Wilkinson e Pickett, em países mais socialmente equilibrados,
o nível de saúde da população é melhor.29 Se a compreensão moderna
da pesquisa sócio-médica e da psicologia social, tivesse sido mais levada em
consideração, poderia ter sido adoptada, uma abordagem mais sóbria da crise actual,
particularmente no que diz respeito à escolha de medidas impostas legalmente. O
bloqueio social também pode levar a um bloqueio imunológico.30
Quando diminui a nossa imunidade?
Não é apenas na velhice que o ser humano, naturalmente, está menos fortemente
conectado com o mundo. O que ficou claro nas duas últimas décadas, por meio da
imunologia psico-neural, é que a causa mais significativa de doenças humanas é
o stress crónico, negativo e infundido
pelo medo!
“O medo é de longe o sentimento mais forte que, ao estimular as redes
neurais do sistema límbico e, especialmente, a amígdala (“substância cinzenta”'
do cérebro), interfere no sistema regulador, ao nível do tronco cerebral, que
integra e guia as reacções corporais e, portanto, a capacidade de autocura do
organismo. ” (G. Hüther)
Hoje podemos medir a forma como o
nosso sistema imunológico é afectado quando ficamos cronicamente desapoderados,
exaustos, desvalorizados e não aceites como seres humanos. Ou quando há fome,
pobreza, guerra, terror, frio ou superlotação, doenças e surtos de doenças.
Durante as guerras dos últimos séculos, mais pessoas morreram de cólera, febre
tifóide, febre maculosa ou malária do que em combate. Isto não é devido apenas
aos germes, mas à perda de auto-confiança. Quando se perde a autoconfiança devido
a medo e choque, e com ela a motivação para viver, afastamo-nos da vida enquanto
seres humanos e o nosso sistema imunológico entra em colapso. Se um grupo de
100 pessoas é exposto a um vírus e depois 20 delas adoecem, não podemos
explicar isso simplesmente com base na ideia da exposição à infecção. Em vez
disso, devemos perguntar-nos por que 80 delas não adoeceram (disposição e
constituição). Este é um pensamento moderno baseado no princípio da salutogénese,
um conceito muito mais sustentável para o futuro do que toda a propaganda
baseada no medo.
Os efeitos imunológicos negativos
a longo prazo das medidas actuais, que têm um impacto maciço na nossa liberdade
e direitos humanos31, sem mencionar o sofrimento e a doença que os
acompanha, estão para além do âmbito da avaliação estatística.
O
declínio das epidemias e doenças infecciosas nos séculos XIX e XX deveu-se não
ao sucesso médico da vacinação e ao uso de antibióticos, como habitualmente se
afirma, mas quase exclusivamente à melhoria das condições de vida - habitações
limpas e secas, roupas quentes, comida adequada e saudável, boa higiene,
segurança social, água potável, etc.
“Os números cumulativas para crianças menores
de 15 anos que morreram de escarlatina, difteria, tosse convulsa e sarampo
mostram que entre 1860 - 1965 a taxa de mortalidade diminuiu 90%, antes da
introdução de antibióticos e da vacinação generalizada”.32
Por
outras palavras: nas sociedades civilizadas que funcionam bem, as doenças
infecciosas quase não têm papel, embora SARS, BSE (doença das "vacas loucas"),
gripe das aves, gripe suína e actualmente o coronavírus resultem em repetidos
surtos de medo. É preciso olharmos para as condições sociais em que as epidemias
reais ocorrem. É aí que a causa deve ser encontrada e não nos vírus ou
bactérias - por exemplo, o Ébola no Congo, onde há uma guerra civil há anos com
terror, assassinatos, além de fome e secas. Nos Estados Unidos também, a
diferença entre ricos e pobres aumenta cada vez mais e causa empobrecimento
real em amplos sectores da sociedade, trazendo consigo tensões sociais
correspondentes. Em vez de realmente abordar os problemas estruturais
subjacentes, o cenário ameaçador de um episódio de pandemia é bem-vindo como
uma oportunidade de promover um negócio global que se alimenta da ideia de
vírus e bactérias serem inimigos. O seu facturamento actual é da ordem de três
triliões de dólares. Assim como a indústria de armamento não tem interesse em promover
a paz e, ao financiar “rebeldes” e “contras”, consegue incentivar muitos
conflitos militares, o negócio global de vacinas e medicamentos antivirais precisa
de ser continuamente estimulado pelo desenvolvimento de novas estratégias para
gerar medo.
Em
2001, no Fórum Económico Mundial em Davos, um chamado acordo de parceria
público-privada em saúde foi legalmente estabelecido entre a indústria
farmacêutica e a Organização Mundial de Saúde (OMS). A partir desse momento, a
OMS (que factura anualmente 4 biliões de dólares) recebeu 75% do seu
financiamento de fontes industriais, da Fundação Bill e Melinda Gates e também da
gigante farmacêutica GlaxoSmithKline, com as consequências daí resultantes. Em
2010, para surpresa de muitos especialistas, a OMS declarou a gripe suína como
uma “pandemia mundial”. Por esse motivo, o governo federal alemão e os Länder
alemães [estados federais em dois países de língua alemã] foram obrigados a
comprar vacinas da GlaxoSmithKline sob este contracto no valor de mais de 200
milhões de euros. A pandemia mundial não se concretizou, e os medicamentos da
GlaxoSmithKline, avaliados em milhões de euros, acabaram no lixo. O falso
alarme accionado pela OMS proporcionou à indústria farmacêutica uma receita
inesperada de 18 biliões de dólares. A figura mais importante para a tomada de
decisões na época, e responsável pelo assunto da gripe suína, manteve estreitos
contactos com a indústria farmacêutica. Marie-Paule Kieny, que até 2001
trabalhava para as empresas farmacêuticas Transgene e Roche, era directora de
vacinação da OMS na época, juntamente com Klaus Stöhr, que liderou o grupo de
trabalho da gripe na OMS durante vários anos antes de passar para a gigante
farmacêutica Novartis. Em 2005, no contexto da gripe das aves, alertou que 7
milhões de mortes poderiam ocorrer, quando de facto, havia apenas 152 em todo o
mundo.33
Em
Outubro do ano passado, decorreu uma reunião num hotel de Nova York com o nome
"Evento 201", durante o qual uma epidemia de corona foi simulada. Foi
realizado pelo Centro de Segurança para a Saúde da Universidade Johns Hopkins,
em cooperação com o Fórum Económico Mundial e a Fundação Bill e Melinda Gates -
as principais agências do negócio global de vacinas. A simulação chegou à
conclusão de que 60 milhões de mortes em todo o mundo poderiam ser esperadas.
Uma das conclusões tiradas foi a necessidade de mais suprimentos médicos em
todo o mundo.34
Os dados sobre o coronavírus da
Universidade Johns-Hopkins (JHU) têm sido por várias semanas a principal fonte
de informações sobre a pandemia nos meios de comunicação social alemães. A
edição das 8h do principal serviço de notícias televisivas também usa esses
dados. A fonte nomeada como "Universidade Johns Hopkins" é enganosa.
Os dados que a universidade publica como seus em tempo real no chamado painel
de controle para 180 países são, de facto, extraídos de centenas de fontes
individuais que são reunidas por uma universidade particular em Baltimore. Se
esses dados forem comparados com os da agência de notícias oficial alemã, o Instituto
Robert Koch, verifica-se que os dados para novas infecções provenientes da
universidade dos EUA são superiores em alguns milhares de casos.35
O objectivo principal destas
elites da indústria de saúde global é garantir, por meio da ONU, que a gestão global
de futuras pandemias esteja apenas nas suas mãos, ou seja, que é realizada por interesses
privados.36
Um livro excelente, bem
pesquisado e cientificamente sólido sobre o negócio da pandemia global foi
elaborado pelo estagiário do Dr. Kiel Claus Köhnlein e pelo jornalista Thorsten
Engelbrecht.37 Deveria ser de leitura obrigatória na situação actual!
Há uma criminalidade latente, e
há muito estabelecida, em grande parte da indústria farmacêutica e a literatura
sobre ela poderia encher uma estante de livros. Um protesto público sobre esta
situação escandalosa é, no entanto, praticamente inexistente. Há uma razão
simples para isso - as empresas farmacêuticas administram enormes departamentos
jurídicos, com grande poder e longo alcance, face aos quais muitos tiveram que
recuar. Os enormes custos envolvidos nesse arsenal legal são calculados com
base nos preços dos seus medicamentos e, portanto, pagos através de prémios dos
seguros de saúde. Em 2011, e só em multas devido a práticas ilegais de marketing, a GlaxoSmithKline pagou três biliões de dólares.38
A crise actual é um apelo urgente
à humanidade para desenvolver a sua consciência.
A responsabilidade conjunta e a acção
resultante que nos são mais ou menos impostas pela crise devem ser
equilibradas, usando activamente a nossa liberdade remanescente para
desenvolver uma visão comum para uma sociedade mais humana e uma democracia
renovada onde valha a pena viver e trabalhar. Esta é a maneira saudável de se sair
desta epidemia.
Artigo publicado na Revista New View
- Summer 2020
(Traduzido
para inglês por Bernard Jarman e para português pelo Consultório Rafael)
Referências
1. See the very
illuminating interview with systemic biology researcher Dr. Shiva Ayyadurai,
https://www.youtube.com/watch?v=w0DMuH44h1Y.
2. https://www.youtube.com/watch?v=HpkbwQbkEWo&
feature=youtu.be
3. https://www.aerzteblatt.de/nachrichten/87049/
Influenza-Mortalitaet-weltweit-hoeher-als-bislang- angenommen
4. The excess mortality
rate for in uenza in 1995/96 and 2011/12 in Germany was 29,000, in 2017/18 it
was 25,000. In 2009/10 the year of the swine u, it was zero – when there was
also a wave of media panic. As of 31/3/20 with Covid-19 it was 4,615.
https://www.aerzteblatt.de/nachrichten/61516/Grippewelle-Starke-
Schwankungen-der-Exzess-Mortalitaet
5. https://in
uenza.rki.de/Saisonberichte/2018.pdf,
P. 47. This number is merely the 1674
cases con rmed by laboratory tests. Remembering, however, that only very few in
uenza patients will have virological tests carried out in a laboratory, the
real gure is likely to be above the mortality gure given for coronavirus over a
similar period.
6. https://www.businessinsider.de/wissenschaft/
gesundheit/die-haelfte-aller-corona-infizierten-hat- ueber-haupt-keine-symptom/
7. Kary Mulls, who won a
Nobel prize for inventing PCR in 1993, speci cally warned against using this
test developed for genetic research, to diagnose infectious diseases.
8. Jones, K.E., Patel,
N.G., Levy, M.A. et al Global trends in emerging infectious diseases. Nature
2008; 451. S. 990-993
9. https://atlas-der-globalisierung.de/woher-kommt-das-coronavirus/
10.
Cristina Venegas-Vargas u. a., “Factors
associated with Shiga toxin-producing Escherichia coli shedding by dairy and
beef cattle”. “Applied and Environmental Microbiology”, Bd. 82, Nr. 16,
Washington, D. C., August 2016.
11.
Wallace,
R.: Big farms Make Big Flu: Dispatches on In uenza, Agribusiness, and the
Nature of Science. Monthly Review Press New York 2016
12.
According
to the Italian national health institute
(https://www.epicentro.iss.it/coronavirus/sars-cov-2- decessi-italia)
13.
Already
in the winter months of 2017/2018 the hospitals in the respective regions had
collapsed under a heavy u outbreak (https://milano.corriere.it/notizie/cronaca/18_gennaio_
10/milano-tera-pie- intensive-collasso-l-influenza-gia-48-malati-gravi-
molte-operazioni-rinviate-c9dc43a6-f5d1-11e7-9b06- fe054c3be5b2.shtml)
14.
In
January 2020 a vaccination campaign was undertaken in the most affected region
of Bergamo during which 34,000 people were vaccinated against Meningococcis C
(see: https://www.bsnews.it/2020/01/18/meningite- vaccinate-34mila-persone-tra-brescia-e-bergamo/)
15.
Bohnhoff,
M., Drake, B.L., Miller, C.P.: Effect of streptomycin on susceptibility of
intestinal tract to experimental Salmonella infection, Proceedings of the
society for experimental biology and Medicin 1954; 86. S. 132-137.
16.
Dr
Claus Köhnlein im Interview: https://www.youtube. com/watch?v=6syjMq4rXpk
17.
Cohen,
F. et al.: Immune Function Declines With Unemployment and Recovers After
Stressor Termination. Psychosomatic Medicine 69(3). S. 225- 234
18.
Schubert,
Christian: Was uns krank macht, was uns heilt (What makes us ill, what heals
us). Verlag Fischer & Gnann, Munder ng 2016; S. 111-113
19.
Sidley,
P. Mbeki appoints team to look at cause of AIDS, British Medical Journal 2000;
320(7245): 1291. Siehe dazu auch Köhnlein/Engelbrecht S.153 f
20.
Here
too a more precise analysis shows that other serious factors were also behind
the dying of millions of mainly young men. For example irresponsible mass
vaccination with up to 24 vaccine applications per person containing heavy
metals and inadequately tested medical preparations. See Köhnlein/Engelbrecht,
pp. 245-252
21.
Kolat,
G In uenza: Die Jagd nach dem Virus (Hunt for the Virus), Fischer Sachbücher
2002. pp 73
22.
Folkmann
J., Kalluri R.: Cancer without disease. Nature 2004; 427, pp. 787.
23.
If
in a town mountains of rubbish accumulate in the street, it doesn’t help to
continue investigating the rubbish. We must consider the waste collection
arrangements of the town in order to understand the cause of the problem. It is
similar with cancer cells, they do not tell us why they multiply.
24. Mölling Karin: Supermacht
des Lebens, Reisen in die erstaunliche Welt der Viren (Superpower of life,
journeys through the remarkable world of viruses), C.H. Beck Verlag 2014
25. Th. Hardtmuth: Die Rolle
der Viren in Evolution und Medizin – Versuch einer systemischen Perspektive
(The role of viruses in evolution and in medicine – towards a systematic
perspective) Jahrbuch für Goetheanismus 2019
26. Roossinck, M.J., Márquez,
L.M., Redman R.S. et al.: A virus in a fungus in a plant: Three-way symbiosis
required for thermal tolerance. Science 2007; 315. S. 513–515
27. The idea of struggle in
medicine is based largely on the military thinking of the 19th century, as
promulgated by Charité, the Mecca of medicine at the time which was under
military leadership. We ‘fight’ against viruses, bacteria
28. Villarreal, L.P.,
Witzany, G.: Rethinking quasi-species theory: From ttest type to cooperative
consortia. World Journal of Biological Chemistry 2013; 4(4): S. 79–90
29. Richard Wilkinson and
Kate Pickett: Gleichheit – warum gerechte Gesellschaften für alle besser sind
(Equality, why just societies are best for all of us). Berlin 2010
30. Apart from this,
remaining at home from a virological point of view makes no sense since viruses
multiply particularly fast in the ‘home brood chambers’ while sunshine provides
the best anti viral and anti bacterial protection as leading virologist Karin
Mölling emphasises in an interview https://www.rubikon.news/ artikel/die-stimme-der-vernunft
31. 25 million people have
lost their jobs in the USA and in the German restaurant trade alone thousands
of bankruptcies are expected.
32. R.R. Porter, The
Contribution of the Biological and Medical Sciences to Human Welfare,
Presidential Address to the British Association for the Advancement of Science,
Swansea Meeting, 1971, London: the Association, 1972, S. 95. Zit. aus I.
Illich, Die Nemesis der Medizin, Hamburg 1981, S. 20 ff.
33. https://de.wikipedia.org/wiki/
Weltgesundheitsorganisation
34. https://de.everybodywiki.com/Event_201
35. https://www.tagesschau.de/inland/johns-hopkins-uni-corona-zahlen-101.html
36. https://www.rubikon.news/artikel/pest-und-coron
37. Köhnlein, C.,
Engelbrecht, T.: Viruswahn. Wie die Medizin-Industrie ständig Seuchen er ndet
und auf Kosten der Allgemeinheit Milliardenpro te macht (How the medicine
industry continually invents epidemics and makes billions at the expense of the
public) Emu-Verlag Lahnstein
38. Peter
Gøtzsche: Deadly medicine and organised criminality. München 2014