12/06/12

A FEBRE

 Algumas reflecções sobre a Febre:


A febre é um dos sintomas mais frequentes das doenças infantis. Quando a criança tem febre sabemos que algo não está bem, no entanto, como estamos habituados a combater a febre com antipiréticos, acabamos por não pensar no que estamos a fazer. Se pararmos para pensar durante alguns momentos, talvez descubramos que a febre é afinal um aliado da cura. 

A febre deve ser respeitada. A criança lança mão do processo febril para resolver e dissolver algo que é necessário deitar fora. O calor é a forma como dissolvo algo de que desejo libertar-me. Combater a febre é, por isso, dar ao organismo um sinal negativo, dizendo-lhe que ele não deve ou não pode reagir da forma correcta. 




Quando a criança tem febre é importante que seja mantida num ambiente claro, limpo e desimpedido. É importante que o pai e a mãe estejam de acordo com a forma como vão tratá-la. É também essencial não sobrecarregar o metabolismo com alimentos difíceis de digerir: a proteína em excesso deve ser evitada, optando antes por alimentos aquosos, fáceis de digerir, como frutas, líquidos, sopas leves, chás… A água é importante, bem como manter a função de limpeza: urina, evacuação, são fundamentais. (Ver dieta para Febre na secção Alimentação)

Com a febre, o organismo da criança, e especialmente o seu sistema imunológico (aquilo que é mais pessoal, que distingue o que é meu do que não é) é estimulado, movimenta-se – e isso é muito importante. 

A criança é um órgão dos sentidos completamente aberto a sensações diferenciadas e abrangentes. Não enganar os sentidos da criança é, por conseguinte, de importância vital: toda a percepção enganadora ataca os sentidos e promove uma má saúde. Manter-se saudável, em equilíbrio com o seu ambiente interno/externo, pressupõe também a possibilidade de adoecer, de experimentar essa outra polaridade onde se afirmam as possibilidades de equilíbrio, a homeostase. Para a criança, adoecer significa ser capaz de experimentar um desequilíbrio que, depois de vencido, a levará a ser mais capaz de se defender e também a criar forças para crescer interna e externamente. Por exemplo, é bastante frequente que, depois de uma doença infantil, a criança comece a andar, a falar, ou que fique madura para a aprendizagem escolar. 

Combater a doença de forma acéfala, sem pensar no que ela realmente significa, é um perigo para a maturação de um sistema imunológico competente, e põe em causa a saúde futura (alergias, doenças auto-imunes, neoplasias). Na educação de uma criança existem 3 aspectos fundamentais: a firmeza, a ternura e o bom trato. Podemos agir com firmeza também na doença, não entrando em pânico, sabendo o que fazer exactamente, fazendo os gestos necessários para repor a ordem e ajudando a criança a superar a situação. Para isso é preciso que saibamos reconhecer que a febre é boa.