18/07/12

O Recém -Nascido

 "Toda a educação é auto-educação. Nós, na qualidade de professores e educadores, na realidade, apenas formamos o ambiente em que a criança se educa a si mesma. "

Rudolf Steiner 


A criança é um ser em devir – ela quer ser, ainda não é. O recém-nascido vem de um espaço contido, quente, onde os sentidos estão ainda pouco despertos e, nos seus primeiros momentos, adapta-se a novos estímulos: som/silêncio, calor/frio, fome/plenitude, sono/vigília. Assim, o que era uno torna-se dual, tendo a criança que integrar e resolver a dualidade com a presença sempre atenta dos pais. 
A presença do recém-nascido pede calma, quietude e silêncio. Mesmo as crianças mais velhas aquietam-se e falam mais baixo na presença do bebé. A criança entregou-se com toda a confiança aos pais, que tentam dar-lhe o melhor, enquanto se questionam: O que é o melhor? Aquilo que não nos foi dado enquanto crianças? Ou, pelo contrário, aquilo que os nossos pais nos deram? 
Temos dúvidas enquanto educadores, procuramos alternativas, informamo-nos, compramos livros, pesquisamos na internet… no entanto, talvez a nossa melhor orientação seja a própria criança, que nos sugere o que deve ser feito. 



Todos os nossos procedimentos devem ser capazes de responder às seguintes perguntas:
Em que ponto se situa a criança agora?
Qual será o seu próximo passo de desenvolvimento? 

Desta forma, sabemos que o recém-nascido precisa da presença da mãe, que o amamenta. Necessita de paz, quietude, estímulos sensoriais de alta qualidade (o que significa NÃO a ruídos mecânicos, incluindo música em CD e outros aparelhos, devendo antes optar-se por cantar para o bebé); NÃO a situações de agressividade emocional; estabelecimento de ritmos seguros, quer na alimentação, quer no cuidado geral, dado que estes serão a fonte de segurança no futuro. 

O calor e a contenção são também elementos importantes, uma vez que a criança veio de um ambiente contido e fechado onde a temperatura ronda os 37°. Assim, é importante, durante os primeiros tempos, manter o bebé contido, enfaixando-o ou pelo menos criando um invólucro em que a criança se possa sentir segura e quente. 

Contrariamente ao que pensamos, o bebé recém-nascido não tem maturidade neurológica para se movimentar de forma voluntária. Aquilo que achamos serem sorrisos ou exteriorizações de desejos («Ele já quer ficar de pé!» ou «Está interessado em tudo o que acontece lá fora!») nada mais são do que reflexos congénitos, a maioria dos quais desencadeados quando movimentamos a cabeça do bebé. Neste sentido, a criança deve ser manuseada em bloco, protegendo sempre a cabeça, e nunca deve ser levantada pelas axilas ou outras partes do corpo, para evitarmos ao máximo o desencadeamento desses reflexos que fazem com que as taxas de adrenalina no sangue subam, provocando stress interno.


texto Dra. Manuela Tavares foto: Nirrimi